MADRUGADA

Escuta o relógio. E sente música no seu bater - é meia noite, apesar de alguns minutos perdidos por aí...

O seu sentimento não se contém. Insiste, aparece, se esconde.

Há um rebuliço na sua alma, coisas como se fossem portas que se trancam e que se abrem ao mesmo tempo, enxotando para dentro de si a alegria inexplicada.

Choro!

Choro e riso se confundem e sua cabeça não quer parar para refletir. Como um vagão desgovernado, está se batendo agora pelas paredes da casa que construiu em pensamento.

Ideias sem sentido; pássaro só e sem canto, preso em gaiola vazia. Não há prisão de ti nem de tua alma, sussurram no seu ouvido.

...Coração agora parece pêndulos de um grande relógio, batendo sem parar.

Cai de si um líquido viscoso e vermelho (sangue?!) - a essa altura do campeonato!

Homem doido e caduco, sem pensamento decente, nem telha para abrigar de verdade. Traça pelas paredes do manicômio o seu objeto de cobiça: o nada. Mãos se entrelaçam, ferindo o seu corpo nessa procura penosa. Não adianta, morrer mesmo é que está difícil!

Manhã seguinte, jornal, qualquer manchete policial, primeira página, é o seguinte:

"LOUCO PULA DA JANELA DO APARTAMENTO E CAI MORTO NA CALÇADA."

Masé Quadros
Enviado por Masé Quadros em 05/12/2012
Reeditado em 05/12/2012
Código do texto: T4021598
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