Muladeiro (capítulo X)
Faltando poucos metros para chegarem ao portão de entrada da fazenda, avistaram Antonio brincando sozinho no quintal. Estranharam o fato de o garoto estar sem o pai por perto, e apressaram os passos.
Israel, sem pestanejar e sem alarde, agachou-se perto da criança, carinhosamente despenteou-lhe os cabelos, como era seu costume, e começou a brincar, sem que o menino percebesse que Minduim entrava, ligeiramente, pela porta da cozinha, a fim de ver onde estava Teodoro.
Não precisaram mais do que cinco passos, para encontrá-lo caído no chão da cozinha, ébrio e totalmente encharcado pela urina que não conseguiu conter.
Sozinho e dispendendo muita força, Minduim carregou Teodoro até o banheiro, despiu-lhe, limpou o que conseguiu, e levou-o para quarto.
_____ Israel, ôh Israel! Vem cá um pouco - gritou Minduim da janela do quarto.
Ao entrar no quarto, Israel ficou embaraçado ao ver Teodoro naquele estado deplorável. Ambos não sabiam o que fazer e o que dizer à criança, que espiava o corpo do pai, meio que a contragosto de Israel.
_____ O que o papai tem? Dorme demais, e nem escuta a gente conversando, que esquisito isso, viu!
Tiraram Antonio daquela cena, deram-lhe algo para comer e levaram-no para fora da casa, com o intuito de distraí-lo e, talvez, escutar algumas palavras que pudessem se encaixar no motivo da bebedeira, entretanto nada de conexo saiu da boca do pequeno Antonio.
_____ Acho que foi pingaiada mesmo, Minduim. Cê bem sabe que o Seu Téo é louco por uma cachacinha, e ele se esbalda quando a Dona Tina não tá por perto, né?
Ambos riram, e durante todo o dia pajearam o patrãozinho, já que tudo estava muito bem com Teodoro, bastando-lhe, apenas, umas boas horas de sono.