Gustav

Artista o menino queria ser.

Pequenino, aprendeu violino. Decepcionado, procurou outro caminho.

— Um bom escultor. — a professora da Educação Artística.

— Um bom escritor. — a professora de Redação.

— Um desenhista. — sua mãe.

Escultura e desenho não. Gustav queria algo fácil, sem esforço.

Em palavras e letras ele estava imerso desde o dia em que nascera, isso sim deveria ser moleza. Seria escritor!

Nem talento nem trabalho eram necessários. Muito autor medíocre ficava rico e, às vezes, a inspiração simplesmente não vinha.

— Mãe, quero uma máquina de escrever.

Qual escritores em filmes, Gustav redigia uma ou duas linhas. Descontente, arrancava as folhas quase em branco e as arremessava, amassadas, no chão.

Mas nada que prestasse surgiu.

Pela janela, uma pipa dançava no ar. Seus amigos riam.

Gustav escondeu a máquina de escrever no armário e correu para o ar livre.

Bolinhas de inspiração largadas no chão.