Férias Suadas - Parte 2 - In contos do dia e da noite
Os pais o auxiliaram a levantar-se; na verdade Osuvaldo estava até delirante, pois o Éden esperado não tinha água encanada e nem por perto existia. Sonhei. O Éden é o inferno em que vislumbro o próprio demõnio instigando mais fogo a tudo em volta : Deus, sei que aqui não está; Deus não passa sede e toma banho todo o dia. Neste delírio instante-distante, a família já acostumada a esta vida não deu importância ao sofrimento de Osuvaldo, apenasmente ,o levou para dentro, acomodou-o em uma rede, deu-lhe um copo com água que ele bebeu sofregamente, passando-lhe pela mente se aquilo seria, realmente, água, se o fosse ,o gosto de barro misturado a algo mais não identificável, fê-lo expandir-se em mais suores;parecia ele estar secando.
Meu pai, o que é isto ?. Como pode uma pessoa sobreviver com escassez de água ?. Como pode ter, apenas, o suficiente para lavar a louça e beber o pouco resto racionado ?. Como cozinhar com esta
água ?? - um pensamento, no momento, da razão esmaecendo,ainda,
pensou - E o banho ??.
Osuvaldo não se lembra de mais nada. No acordar, repentemente,
banhado em suor, quis de imediato tomar banho a fim de refrescar e recuperar as forças e a razão. Sentia ele que o cérebro estava sendo cozido : precisava,urgentemente, de água.
- Painho, Mainha, preciso me refrescar. Preciso de água. Posso ir no banheiro tomar uma chuverada ??
Osuvaldo delirava ainda. Respondeu o pai:
- Fio, nóis num tem água não. Percisa i busca e o seu pobre painho
num consegue pegá mais água. Já tou veinho e num consigo anda tanto.
- Como assim ??. Anda tanto ??
- Sim, meu fio, o açudezinho fica, quasemente, a 10 kilômetros daqui.
- O quê ???.
- Mais ocê pode i...
- Eu ???
- É.
Osuvaldo,ainda, busca alternativa, mas admitia, que alternativa ???.
Não tinha.
- Como faço para ir até lá ??
A mainha respondeu :
- Tá vendo a estradinha que sai de casa ?.
- Tou.
- Pois é, pega ela e vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai - interrompeu Osuvaldo;
- Já sei. Pego ela e vou e daí ?
- Lá embaixão ocê vai encontra uma árve grandona. Quando encontra,
vira a esquerda e vai, vai, vai, vai, vai...
- Tá, já sei. Eu vou, mas como vou trazer a água ?
- Ocê pega o jegue e coloca dois latões amarrados cada um de um lado e enche e tráz pra casa. Só isso.
Osuvaldo saiu, puxando pelas rédeas o jegue e vai, vai, vai, vai, e se sumindo por aqueles caminhos de Deus encontou,enfim a árve grando-
na que mainha dissera; virou à esquerda e vai, vai, vai, vai, vai. Avis-
tou, ao longe, aquilo que deveria ser um açude. Não era. Era, apenas,
um pedaçozinho de terra com água lamacenta por cima, porém, depois de tanto caminhar, não aguentou-se ele e se jogou naquela água de lama, refocilando-se como porco em poça de lama. No apósmente,
carregou os latões com aquela água, pegou das rédeas do jegue e
começa a puxá-lo de volta para casa. A paisagem a sua volta ora apa-
recia, ora desaparecia feito visagem do sem fim. O caminho de resto,
parecia reto no sempre seguir.
Encontrou a grande árve, dirigiu-se à direita e no retamente foi, foi, foi, foi, foi, e foi.Meio caminho, pouco à frente, um rastro sinuoso levantou poeira: uma cobra atravessara a estrada. O jegue estacionou como num estacionamento 24 horas. Estacionou, empacou.
A noite chegou e o jegue empacado tinha derrubado os latões de água ao ver a cobra.
Não termino a história para maiores desgraças de Osuvaldo, deixando a vocês, caros leitores, o prazer inconcebível de terminá-la, se Osuvaldo terá um final feliz, isto é com vocês.