Férias Suadas - Parte 1 - In contos do dia e da noite

Osuvaldo estava com uma saudade louca da família; há 5 anos não a via, desde que saíra de sua cidadezinha natal perdida lá pelo interior do Nordeste. O nome da cidade Capuaçu-Kenga. Era, praticamente, uma vilazinha esquecida no interior do sertão nordestino em que o mais próximo perto que se poderia chegar da água era através dos cactos.

Cactos, terra seca partida, árvores esqueléticas eram a paisagem dominante; difícil era chover por aqueles recantos do mundo. Água, além dos cactos bebíveis, só no longemente, cerca de 8 a 10 kilômetros para achá-la.

A família de Osuvaldo lá no distante quasemente escondida do mundo

sobrevivia e ele de saudades incomodativas, no vez sempre, queria estar lá; abraçar os pais, os irmãos, os primos, primas, enfim toda a família. Era ele a ovelha separada negra do ninho. Que saudades !!!

Painho, Mãinha, mais do que nunca sinto saudade docêis.

Nesta saudade infinita de sonhar no sempremente dia e noite, Osuvaldo decide. É hora de visitá-los; de voltar à amada cidade em que nasci. Capuaçu-Kenguense com muita honra, sim senhor!!.

Perdera-se em lembranças de infância: as cabras, o sossegar o dia todo; a sombra ausente, sempre, procurada, pois quente lá estava de queimar os pés no chão.

Há cinco anos vivendo em São Paulo sem a família; a saudade o cegou. Planejou, economizou e desejou voltar e desejando já estava a caminho dominado por uma vontade ansiosa, sonhativa mesmo, de re-

ver os entes queridos, num desejo inconsciente de reviver a infância perdida nos longes do tempo sem parada.

Cego para os demais aspectos ; do que seria ficar um mês em um lugar onde, dificilmente, chovia e a água era como o ouro, incessante-

mente procurada e, dificilmente, achada.

Osuvaldo fechou os olhos para os detalhes. Tomou um banho refrescante; pegou das malas; olhou para o que ficava para trás e num sorriso de uma felicidade irracional, partiu.

Embarcou. Poucas horas depois, estava no Nordeste. Dalí, precisaria

pegar um ônibus para chegar até o sitiozinho em que os pais moravam.

Não tinha ônibus. Único meio de transporte : jegue ou motocicleta, que

cobrava uma nota para ir a um lugar de distante-longe.

Jegue ???. Levarei, no mínimo, 2 dias para chegar em casa. Motocicleta?. À noite, estarei em casa. A bagagem ???. Prenderei na

costa com cordinhas. Riu-se. Não pode ser cordinha no pescoço. Por que ???. Raciocina, criatura !!.

Motocicletamente falando, lá foi Osuvaldo. Terra seca; poeira; suor;

uma mistura, no depois, grudenta formando quase uma armadura de cheiro sujo. O suor incorporava-se a poeira que o sol, logo, secava.

Depois de muitamente motocicletar, enfim, chega-se ele em casa dos pais. Seco, quase, uma estátua Osuvaldo se sentia. Descobriu isso ao tentar descer da motocicleta; seus movimentos todos enrijecidos pela

armadura natural que o solo berço lhe ofertara como presente. Ao des-

cer da moto caiu; olhos para o céu, lá longe sem nuvem nenhuma, apenas, o sol implacável que continuava a cozinhar-lhe os miolos.

Lembrou-se, então, saudosamente, do banho refrescante antes da

partida.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 10/11/2012
Reeditado em 10/11/2012
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