SOMBRAS DA MANHÃ

Foi nas primeiras horas da manhã, quando as pessoas despertavam para um novo dia.

No caminhar de alguém, ele surgiu. Vindo da escuridão.

Mostrou-se simpático e falante.

Um pouco mais de um metro e meio; Corpo magro de menino; Rosto sujo de um chão qualquer. Roupas maltrapilhas e olhar vago de uns dez, doze anos.

Porém, determinado, interrompia;

Exigente, argumentava;

Articulado, pedia: “Uma moeda para comprar uma caixa de doces”.

Quase convenceu.

Mas... Logo foi identificado como mais um entre os tantos zumbis que perambulam pela cidade Olímpica, para lembrar que nem tudo é belo como querem fazer acreditar.

E ele fez história.

Marcou o dia; eternizou o momento e inspirou a utopia de um observador.

Que o Deus dos miseráveis, faça o Vento do amor soprar sobre ele.

Mais nada a declarar.

Só a chorar.