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Amor Frágil


Fiquei preocupada quando recebi sua mensagem e procurei atender minha amiga o mais rápido que pude. Lá estava ela, sentada num canto do bar onde costumávamos nos reunir com a turma.

Ela havia chorado, percebi, e logo imaginei o motivo ao notar que olhava fixamente para a aliança em cima da mesa. Foram seis anos de relacionamento com uma pessoa que até então ela julgava ser o homem da sua vida: cinquentão, maduro, inteligente, estabilizado financeiramente, ótimo nível social, extrovertido, educado, apaixonado, enfim, uma relação perfeita.

Nessas horas o melhor mesmo é nos colocarmos em posição de ouvintes e oferecer o ombro amigo. Ela precisava falar e eu estava ali, pronta para ouvir e ajudar.

Procurei tranquilizá-la e deixá-la o mais à vontade possível porque ela estava emocionalmente perdida e sentia que a conversa seria muito difícil para ela.

“ Eu caí na real. Finalmente! Foi difícil admitir que perdi...ou será que ganhei? Descobrir que a nossa relação perdeu todo o encanto fez meu coração ficar apertado, deu-me uma sensação tão dolorida de perda irreparável, fez meu mundo desmoronar e me fez tão pequena! Viver um amor já não mais compartilhado por ele machuca, dói, faz sofrer e eu estou sofrendo agora”.

E eu pensava: A realidade nos mostra o quão ficamos vulneráveis quando vivemos esse sentimento, mas a vida sempre nos dá forças para continuar.

E ela continuou:

- “Embora o que sinto por ele seja forte, não há sentimento que consiga resistir a tantas mentiras.”

E assim, aos tropeços, ela discorreu sobre a vida do casal, relembrando todas as fases do relacionamento até o momento derradeiro que culminou em separação.

Perdi a noção do tempo que ficamos ali mas já podia perceber que ela já estava mais tranquila, mais recomposta e mais resignada quando comentou quase que divagando:

“Hoje estou magoada, decepcionada, descrente e infeliz mas chegará o dia em que me lembrarei dele com carinho pela pessoa especial que foi para mim, apesar de tudo.”

Então pensei: Como o amor é frágil e como é difícil viver a dois! Estaria ele vivendo apenas uma aventura passageira?

Fiquei muito triste por ela pelo estado lastimável em que se encontrava e também por ele porque estava se aventurando em uma relação que eu considerava não muito promissora e seria frustrante se descobrisse mais tarde que o amor estava ali o tempo todo e ele não valorizou.

Ela continuou a falar mas na minha mente eu já havia tomado uma posição a respeito do caso: “uma pessoa na idade dele, em crise adolescente, preocupado com a forma física, o corpo, a barriga e os cabelos, fica bobo, alimenta falsas esperanças, faz coisas ridículas na ilusão de recuperar a juventude perdida, fica afobado e não se dá conta de que a vida pode ser uma viagem solitária e sem volta para quem vive se enganando”.

Existe solução para um relacionamento em crise? Sim, quando o amor nasce no coração de pessoas maduras ele pode superar imprevistos e obstáculos mas quem somos nós para avaliar essas questões quando não estamos vivendo a situação? São tantos os motivos de desajustes e cada uma das partes tem sua parcela de culpa no processo que desencadeia uma série de consequências nem sempre satisfatórias para ambos.

Esse final não foi feliz porque a protagonista da minha história estava decidida a respeitar a escolha do seu parceiro apesar de todo amor que ainda sentia por ele.

Eu voltei para a casa e passei o resto da tarde pensando que a vida é realmente feita de encontros e despedidas e como esses eventos são temporários e difíceis de se lidar! Porém, uma coisa é certa: toda escolha tem uma consequência a ser assumida e o coadjuvante dessa história...já tem um bom motivo para se preocupar!