Que filhos e que futuro?

Ele pega dois ônibus e um metrô, olhando na janela entre bueiros e pichações, entre um coletor de seringas descartáveis e artistas do centro da cidade...

Que filhos estamos criando aqui, em meio a asfalto quente e mal cheiro, aonde sua voz é tecnologia, mas você não sabe conversar comigo, qual o futuro que criamos nesta cidade que não anda, aonde o patrão passa de carro importado e ar-condicionado, enquanto uns filhos sem escolha e sem escola pedem no sinal, esperam um sinal, que futuro esperamos dos que não esperam futuro nenhum?

Um subterrâneo abandonado, aonde ratos e homens dividem espaço, adequou a cola e ao álcool e não tem mais nem retrato falado, sendo filhos de pai nenhum, sendo filhos de um pai só, um só Deus, aonde clamo por piedade e igualdade, além de tudo, vontade de mudar.

Paula Rodrigues (Coka)
Enviado por Paula Rodrigues (Coka) em 04/11/2012
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