Se Souber Tricotar... Dá Certo !
Tentei aprender de tudo, um pouco...
Minha curiosidade sempre foi muito grande.
Ao concluir a quarta série primária, eu tive medo de desaprender o que a muito custo eu havia conquistado.
Aos dez anos, eu terminei essa minha fase na Escola.
Meu pai era muito áustero, e o nosso castigo era nos tirar da escola por uns dias.
E era castigo mesmo, pois ele não permitia que os filhos saissem de casa, para fazer visitas na casa de ninguém. Bailes, nem pensar !
Quando os outros irmãos se levantavam para sair para estudar, ele dizia para o filho que estava de castigo, que estava na hora da aula.
E quando era eu, meu coração pulava de alegria.
Mas a alegria durava pouco, pois a aula, era varrer o quintal da casa, capinar, ou fazer qualquer outro serviço.
Era duro esperar os irmão chegarem da aula, para terminar a tarefa com a pena que não era tão leve.
E enquanto eu capinava, eu tricotava a minha vida...
Durante tanto tempo com a cabeça voltada para o chão, eu sonhava...
Sonhava com o meu futuro...
Fazia planos e pensava em metas para uma vida mais leve.
Vez ou outra, ao ouvir o barulho de um avião, eu olhava para o céu...
Mas era bem melhor estar dentro de uma sala de aula !
E após terminar a quarta série, eu não aguentei ficar em casa.
Pedi a professora para ficar mais um ano, e se ela podería dizer que eu precisava estudar mais um pouco.
E eu consegui ficar mais um ano, mesmo sem poder ficar matriculada.
Dos Doze aos Dezessete, eu fiquei fazendo a merenda para as crianças.
A escola não tinha merendeira. A professora tinha que se virar e dar conta da merenda, e dos alunos.
Ela me dava uns trocados pelo meu serviço.
E durante esse período, eu ganhava tempo para tricotar a minha vida.
De tanto pensar na palavra tricotar, eu resolvi aprender a fazer tricô.
Fiz a minha primeira e única blusa .
Cada ponto que eu tecia, uma idéia surgia.
Fui conseguindo conquistar alguma coisa.
Os anos se passaram, e eu fui conhecer a cidade de Monte Sião, no Sul de Minas.
E ali, eu vi que se souber tricotar, dá certo sim !
Uma cidade que não se vê crianças e jovens a andar pelas ruas.
São famílias inteiras a trabalhar em conjunto.
A cidade é leve...
Todos vendem o mesmo produto, sem medo da competitividade.
Restaurantes com filas enormes, atendem em torno de 1.500 pessoas pr dia.
As lojas não fecham nem de dia, nem de noite.
Enquanto os ônibus saem com os turistas que passaram o dia nas compras, outros chegam para os que preferem fazer suas compras no decorrer da noite.
Monte Sião, é uma cidade que eu chamo de capital de giro.
Subentende-se com isso, que a união faz a força.
E que nem sempre verder somente produtos diferenciados, é o que dá certo.
Como a poesia surgiu em minha vida, eu passei a sonhar e apostar que se os poetas se unirem, pode acontecer um grande crescimento na cultura e turismo de uma cidade.
Além, de salvar nossas crianças e jovens !
Vou continuar tricotando e sonhando com um melhor futuro...
Sonhar e tricotar não custa nada.
Maria Lamanna
Rio Preto-MG