Motivo

Perguntei para o Álvaro se ele queria comer alguma coisa. Ele balançou a cabeça com preguiça. Estava terminando de acordar e sei bem que o mau humor era latente. Eu tomava o meu cafezinho preto com umas torradinhas, ainda encostada na pia, olhando o céu começar a clarear. Levantávamos cedo demais para ir ao trabalho. Nosso sono e cansaço eram constantes e ainda dava dó de pensar que estávamos numa terça-feira fria de início de setembro.

Eu já estava naquela fase em que a ansiedade não me permitia pensar em outra coisa que não fossem as férias. Por isto, meus dias eram muito mais longos que o normal. Em cima da geladeira tinha um folheto com diversas opções de colônias de férias. Tinha meses que eu andava sonhando em ir para o Guarujá e ficar lá uma semana inteira!

Então eu vinha agindo feito criança, e importunando o Álvaro sobre o assunto: “Que você acha do Guarujá, hein? Nunca fui pra lá!”. E ele sempre saía pela tangente, desconversava ou não respondia nada. Mas tudo bem, este sempre foi o jeito dele. Tem a mesma reação quando está em perigo, assim como a mesma se está dormindo. Ele é meio que indiferente a tudo no mundo. Parecia que vinha de outra dimensão e nesta aqui vivia desorientado.

Mesmo assim, enrolei o folheto e enfiei na minha bolsa. Fui pra perto da porta da sala e comecei a chacoalhar as chaves. Ele veio com uma camiseta verde toda amassada e eu reclamei. Poxa, ontem mesmo eu me matei de passar roupa e tinha certeza de que ele tinha coisa melhor pra vestir. E, me ignorando como sempre, ele pegou a chave da minha mão e saiu. De lá de fora ficou me chamando, fazendo um esforço tremendo pra manter a calma.

No caminho, ele disse pra eu deixar de ser chata. Gostava da tal da camiseta verde, mesmo que amassada. Conforme o dia fosse passando, ela iria ficar retinha no corpo. E se não ficasse, ninguém iria notar nada. Eu bufava. Não gostava de pensar nos comentários do pessoal do trabalho insinuando que ele não tivesse mulher que cuidasse dele.

Ainda nem era sete horas da manhã e estávamos na estação de trem. Na plataforma a gente se despedia, pois cada um ia pra um lado. Como sempre mandava o roteiro da despedida, ele me segurava firme pelos ombros e beijava minha testa. Meu trem chegava primeiro e sempre vazio.

Lá eu ia folheando as opções de viagem. Fiquei pensando naquele descanso o percurso todo. Lembrei que precisava comprar biquínis e cangas. Como eu sou muito branca e cheia de manchinhas na pele, era bom ter um chapéu com a aba bem larga. Eu chegava a sentir o entusiasmo me subir pelas pernas e me arrepiar. Eu nem me lembrava mais da última vez que tinha entrado no mar.

Cheguei vinte minutos mais cedo ao trabalho. Vesti meu uniforme verde de listras brancas. Joguei o avental por cima e me posicionei de frente a uma bancada cheia de batata pra descascar. Depois tinha frango pra tirar a pele, picar beterraba em cubinhos, lavar alface e fatiar tomates... e o que mais surgisse pra temperar.

Duas amigas comentavam os episódios da novela. Todo dia era a mesma ladainha, pois diziam que não aguentavam mais a enrolação das cenas, mas nunca deixavam de assistir. O Mílton, cozinheiro do restaurante, sempre tirava muito sarro delas. Os três se juntavam nas piadas e seguiam assim o dia inteirinho. Dona Judith, a dona, às vezes aparecia de surpresa na cozinha e a farra instantaneamente cessava. Com ela ali dentro, só se ouvia a panela de pressão trabalhando.

Perto das onze horas chegavam mais três colegas, incluindo o chefe de cozinha. Conforme as horas iam passando naquela larga cozinha, nosso ar ia ficando rarefeito por conta do calor dos fogões. Virava e mexia alguém se queimava ou deixava queimar qualquer coisa. Os cortes eram constantes, o excesso de sal ou a falta dele eram corriqueiros.

Mas tudo isso sempre regado a muita risada e excelente companheirismo. Eu saía de lá morta de cansaço, mas sempre recompensada pelo ambiente tão familiar. Eu ria, conversava, discutia. Mílton me olhava muito e demoradamente. Eu enternecia...

Sei que é errado. Sou casada e ótima esposa e fiel. Mas me fazia bem receber os olhares e os sorrisos de um garoto tão bem aprumado como ele. Fazia com que eu me sentisse revigorada. Isso por que sempre me via naquele uniforme horrível, cabelo preso com rede. E por conta de tantos olhares, nossas conversas eram desastrosas e cheias de lacunas. Eu me divertia com aquilo!

No meu intervalo, eu estava entretida contando pra Janete da minha viagem. Abri o folheto e mostrei uma pousada linda cheia de rede pra esticar o corpo, com piscina em todo o contorno, com a praia de frente, só com uma rua pra atravessar. Os olhos dela ficaram esbugalhados, mas ela teve que me perguntar:

- E cê acha que consegue levar o Álvaro dessa vez, mulher?

Eu sempre era derrubada pela lembrança de convencer o meu marido. Ele nunca queria, mas nunca me proibiu de ir aonde eu quisesse, mesmo sozinha. No ano passado insistiu que eu fosse com uma amiga, mas eu tive pena de deixá-lo em casa sem janta, sem comida, sem cuidado algum. Ele parecia um doente que sempre carecia de ajuda.

Ele era todo quietão e sério, e me aparentava ser frágil e despreparado pra ficar longe de mim. Eu tinha esperança de que ele me acompanhasse daquela vez. Uma semana inteira deitado em uma rede com vista para o mar não poderia ser tão ruim assim. Desta vez ele entenderia.

- Acho que ele vai dessa vez, Janete... olha que lugar lindo! Dá pra dizer que não? – e eu dizia aquilo querendo acreditar em mim mesma.

- Você tem quanto tempo de casada mesmo?

- Seis anos.

- E já tá desse jeito! – disse ela com um suspiro de pena – Por que você não arranja um filho pra ver se dá uma animada, hein?

- Ah, ele não quer ter filhos... e esse assunto não é mais discutido lá em casa.

Então fiquei triste. Por que aquele era o típico assunto que me doía. Tinha vez que eu lembrava da morte da minha mãe, na doença da minha melhor amiga lá do Paraná, na tristeza que foi a morte do cachorro da sobrinha do Álvaro... e nada me dava mais ânimo para chorar do que o fato de que eu não poderia ter um filho com o meu marido.

Foi aí que o Mílton apareceu e pediu pra folhear a revista. O danado comentou exatamente da pousada no Guarujá. Disse que só de olhar já se sentia lá por imaginar estar perto das ondas do mar. Janete ria e se divertia fazendo o convite para ele: “Ó, Miltinho, vai com a pobre da Arlete, por que o marido dela prefere ficar em casa fazendo recorte de jornal!”.

Recortes de jornal. Lá em casa tinha uma prateleira somente com pastas e mais pastas de recortes de jornais organizados em ordem alfabética. Ele era fissurado por colecionar notícias que lhe apeteciam. Só que, assim, ele nunca me deixava mexer naquela loucura. Eu entrava naquele quarto para tirar o pó e ele sempre ficava lá dentro olhando pra ver se eu não tirava nada do lugar.

Mas também, pouco me interessava. Não deveria ser nada muito interessante, por que eu sempre lia o jornal antes dele e nunca via nada que fosse digno de ser recortado e colado numa pasta para a eternidade.

A parte mais triste do dia era a lavação da louça e das panelas. Em dia de strogonoff e macarrão, nossa, que chateação. Tudo grudava no fundo e era nojento alguma das vezes. Percebi que eu iria levar mais tempo que o normal pra dar conta de uma mancha em uma das panelas. Enxuguei a mão rapidinho no avental e peguei meu celular no bolso. Incrível coincidência, pois Álvaro me ligava naquele exato momento.

- Léte!

- Oi, meu bem, estava pegando o celular pra te ligar.

- Então diz.

- Vou me atrasar e não vou conseguir voltar pra casa com você. Pode ir na frente.

- Ah... tudo bem. – e eu senti um certo desapontamento na voz – Mas vai demorar muito?

- É o tempo de tentar me livrar de uma mancha antes que a Judith faça um sapateado aqui... Sabe que eu quero sair de férias em paz, não é?

- Sei, sei...

- Está tudo bem com você? ...Voz esquisita.

- Não é nada. Fique sossegada.

- Então me espere em casa pra jantar.

- Eu te amo.

E assim desligamos o telefone. Mas eu desliguei e fiquei olhando para o aparelho, meio descrente. “Eu te amo” não era o tipo de “tchau” que eu estava acostumada a ouvir. Eu fui assimilando essa declaração de amor como uma grande possibilidade de que ele me acompanhasse ao Guarujá. Já logo fiquei imaginando que ele poderia, além de ficar na rede, andar comigo de mãos dadas na beira do mar.

E eu fui toda me alegrando e nem me importava mais da árdua tarefa de raspar marca de queimadura de molho em panela gigantesca e mal cheirosa.

Quase sete e meia da noite, eu estava terminando de passar um pano em volta da pia. Corri pros fundos da cozinha pra me trocar e soltar o cabelo. Me despedi da Janete e do Mílton com imensa alegria. Eu ia pra casa decidida do aceite dele daquela viagem que seria quase como nossa lua de mel jamais vivida. Ele disse “eu te amo”.

Eu nem senti a bochecha esquentar quando o cozinheiro disse que o meu sorriso brilhava de longe: “Bons ventos virão, hein Arlete!”.

Peguei o trem bem vazio, mais vazio que o normal. Sentei na janela e fui observando os prédios e o trânsito leve. Comecei a fazer as contas e me animei por faltar apenas nove dias para me ausentar do trabalho. Decidi que no dia seguinte eu iria dar uma volta no shopping para comprar meus apetrechos praianos. Inclusive para o Álvaro. Imagino que ele não tivesse guardado sequer uma sunga para aproveitar o sol do Guarujá.

Duas estações depois, uma mocinha bem jovem entrou no trem com uma criança que deveria ter uns quatro anos. Um menino bonito de olho bem verde e forte, corpulento. Ele aproveitou o vagão quase livre pra ficar arrastando por um barbante um carrinho. O barulho, confesso, estava me irritando um pouco, mas eu pensei que se o filho fosse meu, talvez eu estivesse achando lindo.

Toda vez que se anunciava a estação, o menino repetia o nome mais umas três vezes: “Estação Morumbi, Estação Morumbi, Estação Morumbi!”. E ficava encarando cada pessoa que entrava no vagão. Comecei a achar graça.

Aos poucos fomos pegos pela lerdeza da circulação dos trens e o sono foi me consumindo. Descansei as vistas enfastiadas com aquele típico cochilar dos assalariados em transporte público. O trem ia parando e andando um pouquinho. Andando e parando. Parando e andando.

Quando chegamos na Granja Julieta ficamos lá com a porta aberta do trem por quase vinte minutos. Então, fiquei preocupada, por que iria demorar mais que o previsto e o Álvaro iria ter que me esperar muito para o jantar. Fiquei imaginando a fome que ele deveria estar e na sua inaptidão para fritar um ovo que fosse.

Liguei para ele, mas só chamava. Olhei a hora e não me intriguei. Com certeza estava no banho. Voltei a cochilar sossegada. Sonhava com as ondas me banhando, sol me aquecendo, camarão frito na hora...

- Ô mãe, o que aconteceu aqui, hein? – de repente o garoto disse, bem alto, olhando o trem chegando como se fosse em câmera lenta na estação Santo Amaro.

A plataforma estava abarrotada de gente. A mãe da criança o agarrou e pediu para que ele ficasse em silêncio. Descemos do vagão nos espremendo entre as pessoas. O burburinho era tão intenso que sonorizava como gritaria. Era impossível de andar e eu precisava subir a escada. Porém, quem estava na escada, estava parado, e todos observavam o mesmo ponto.

Logo entendi que alguém tinha se jogado na linha do trem. Mas que inferno! Sempre tem alguém querendo plateia para a própria infelicidade, causando a bagunça toda na vida dos outros coitados que só querem voltar pra casa em tranquilidade. Essa gente deveria atrapalhar muito em vida, pois continuavam a atazanar mesmo depois de mortos.

Fui em direção a um guarda da estação e perguntei se o trem tinha atingido a pessoa. Me disseram que não, que o homem tinha se jogado da passarela e caído de cabeça nas pedras que ficavam ao lado da linha. “Foi um barulho horrível... acho que a cabeça explodiu”.

A mãe da criança tentava tapar os ouvidos do filho, enquanto eu tentava esticar o pescoço para ver melhor. Só vi o corpo coberto por sacos azuis e o rastro de sangue contornado as pedras do chão. Me perguntei mais uma vez sobre o motivo que leva alguém a se ferir de morte, mas logo voltei à minha realidade e quis ir embora.

Subi pedindo licença, mas naquele confronto do corpo a corpo era difícil ir embora. O desejo mórbido por assistir à desgraça alheia não me atiçou os sentidos. Álvaro me esperava em casa e eu tinha assunto sério pra tratar. Quando consegui um pouco de espaço, apertei o passo e fui chegando até a saída da estação. Respirei o ar livre daquele calor excessivo.

Eu estranhei encontrar a casa toda escura. Nem sinal do meu marido. A mesa do café estava do jeito que tínhamos largado pela manhã. Joguei a bolsa no sofá e fui para o telefone. O número dele só chamava. Liguei no serviço: “Dona Arlete, o seu esposo foi embora tem mais de três horas...”.

Fiquei tentando buscar na memória onde ele poderia ter ido. E no meio das hipóteses que criei, fui ficando tranquila e pondo o feijão no fogo. Comecei a picar a cebola e o alho pra refogar o arroz. Fiquei esperando a água ferver enquanto assistia à novela. Fui até o quarto trocar de roupa, pôr um chinelo confortável, passar um creminho nas mãos ressecadas.

Sentei no sofá e estiquei as pernas, apoiando os pés na mesinha de centro. O telefone da sala tocou:

- Boa noite, com quem eu falo?

- Com quem você quer falar? – perguntei.

- Este número de telefone é de algum conhecido de Álvaro Alende Silva?

- Sim, é da casa dele. Sou a esposa.

- Qual o nome da senhora?

- Arlete, eu me chamo Arlete... – e senti meu corpo esfriar enquanto escorria um fio de suor em meu rosto.

- Dona Arlete, lamentamos a morte de seu esposo, pedimos que...

E eu senti todos os meus movimentos ficarem amortecidos. Meu estômago embrulhando, e minhas pernas cederam, fazendo com que eu caísse de joelhos. Meus braços amoleceram e o meu peito se encheu de lágrimas, e eu era toda a figura da desgraça. Aquele corpo debruçado sob plásticos azuis na estação de trem era do Álvaro! Passei por ele, meu Deus, e eu o deixei sozinho e desamparado no meio daquela vergonha da morte pública! Céus, que humilhação! Meu amor, me perdoa!

Fui atrás de sua honra com a face coberta pela minha vergonha. Eu não conseguia entender os motivos que o levaram a dar fim em tudo daquela forma tão embaraçadora. Cada passo que eu dava em direção ao IML, eu sentia a culpa me afrontar e tentar me impedir.

Meus soluços me tiravam o ar. Impossível entender. Como é que eu poderia explicar? Eu o reconheci pelas mãos, o anel dourado do nosso casamento, a calça preta, a camiseta verde ensanguentada, mas lisa. Era verdade, meu bem, o amassado ninguém iria notar num dia como aquele.

Eu pedi para Judith adiar minhas férias. Eu não suportaria ficar em casa alimentando aquela solidão. Eu ia trabalhar todos os dias de ônibus. Demorava mais, mas pelo menos eu não via aquela estação de trem de novo. Depois de um mês do acontecido, Mílton me viu chorando dentro do vestiário. Pediu licença e entrou somente pra me abraçar. Nunca disse nada para me confortar, apenas abria os braços para que eu pudesse encostar a minha dor.

Os meus dias iam seguindo devagar e, mesmo quando a lamentação não era mais rotina, eu sentia falta do abraço e daquela mão amiga. Tempo foi passando e eu fui voltando a sentir a pele revigorada, o coração ia saindo da penumbra. Chegada a hora de tentar parar de buscar resposta praquela brutalidade. Era momento de ir à luta.

Depois de um ano eu fui ao Guarujá. Voltei de lá com um tom bronzeado, com sorrisos e novidades para contar. Passei os últimos dias das férias remobiliando a minha casa, reconstruindo meus sonhos, tirando dos escombros os meus desejos de mulher. Mílton veio ser o homem da minha casa, veio ser o pai de um filho que eu esperava.

- Arlete, antes que eu fique em sua casa definitivamente, eu peço que você dê um fim naquela sala dos recortes de jornal... –Mílton me fez este pedido. Um pouco sem jeito, mas o fez.

Eu sabia que ele tinha razão e direito, mas fato é que nunca mais abri aquela porta e certamente o pó me traria opacidade naquele brilho novo de vida. Ele ficou do lado de fora com algumas caixas de papelão abertas. “Quer minha ajuda?”, ele perguntou. Eu disse que sim, mas que preferia que ele esperasse enquanto eu olhasse tudo aquilo com atenção.

Tudo naquelas pastas me causou transtorno. Notícias tristes de suicidas. Todo o tipo de morte de quem atenta contra a si próprio. Aquilo tudo demonstrava o quanto era doentio o seu desejo por partir da vida de maneira perturbada. No meio daqueles recortes, poesia macabra, textos sangrentos descreviam nos detalhes a morte sofrida. Eu não queria mais ler nada daquilo. Abri a porta e fui jogando as pastas nas caixas. Notei que Mílton curvava-se para pegar uma e folhear, mas eu o proibi com desespero. Ele ficou assustado, mas obedeceu.

Quando cheguei à última, notei uma folha amarela com a borda para fora dos plásticos. Puxei e assim li:

“Arlete querida, se lê estas linhas é por que já nos despedimos. Aqui peço perdão, mas não pude escapar do meu destino. Desde sempre eu soube que estaria fadado a este dia. Desculpe não ter lhe poupado o sofrimento, mas você era a única beleza que a minha vida continha. Sendo justo em afirmar que de mim você não sentirá falta, sei que a vida lhe concederá a graça de casar de novo e ter seus filhos pra criar. Por favor, dê sentido à sua vida. Esta é a oportunidade que te dou. Eu sempre a amei. – Álvaro.”.

E esse amor do que valeu se foi tão sem motivo que se foi? A minha vida era muito mais importante do que a morte de tantos outros egoístas que se aproveitam destes míseros instantes. Quanta má sorte viver enganado à espera da morte.

L Pimentta
Enviado por L Pimentta em 01/11/2012
Código do texto: T3963232
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