A hora de dormir - Parte 1 - In Contos do dia e da noite

A hora de dormir não é mais um momento sagrado. Que se dorme a toda hora, se dorme, tal a popular sesta ou ciesta dos mexicanos; alguns restaurantes possuem lugar exclusivo para que depois do almoço seus clientes possam dormir um pouco. Por isso entendo que o sono não é um momento sagrado; é, apenas, uma necessidade biológica para o corpo descansar restaurando as energias gastas durante o dia. Deste modo, o esperado, quando se acorda é ter um corpo descansado, re-

novado, energias repostas para um novo dia.

No entanto, vezmente, não é isso que ocorre, pois existe Dormir e dormir.

Há dormires em que se a pessoa for casada causa enormes problemas;

duas pessoas na mesma cama e uma delas ao dormir esparrama-se pela cama ; os braços e pernas abertas, ora em decúbito ventral, ora em

decúbito dorsal, ora esticando para todos os lados; o outro nas brumas do inconsciente a meio-sonho. Tenho que procurar um médico, meu estômago dói como se tivesse um enorme peso em cima. É lógico, tem, realmente, a perna do outro.

Dormires diferentes há de acordo com a pessoa : dormires em que, durante a noite ouve-se múrmurios, burburinhos, em que uma voz parece nos chegar do longemente; percebe-se, aos poucos, que aquela voz está a dialogar,ora alegre, ora triste, ora nervosa, ora calma. Se

esta pessoa dorme no mesmo quarto que outra, causa estranhamento

e, se, repentemente, o outro for sensível pode acordar a outra para

tirar satisfação. Que negócio é esse de ficar gemendo o nome de

minha mulher, hein ???. Hein ???.

Há, também, dormires barulhentos. Um amigo meu, durante a noite, literalmente, canta uma sinfonia de roncos beirando a loucura. A tua, a

dele não, pois está dormindo. Sempremente, vezmente, os roncos engasgam-se no atropelo da pressa de saírem pelo mesmo caminho estreito. Por isso, ouvimos, vezes, em que o ronco é interrompido para

dar passagem àquele mastigar que engole de novo, seja o que for.

Outroramente, meu pai cansado, na sala frente à televisão, recostou-se no sofá, vagarmente escorregou para uma posição mais cômoda ;

deitou-se inteiramente, deixando as pernas de fora com o joelho dobrado.Do recostar ao dormir foram, apenas, poucos minutos. Eu, ao

lado, assistindo televisão com o meu pai a dormir daquele jeito. Pas-

sou-se uma hora, para mais ou para menos, não me lembra agora.

Minha mãe o chamou, ato contínuo, ao ouvir aquela voz de comando, meu pai levantou-se. E eu, ali do lado,já não assistindo a televisão e

sim ao meu pai. Porém, foi meu pai levantar e ajoelhar-se num baque surdo dos joelhos ao chão. Meu pai praguejou :

- Droga !!!. E olhando para mim, num sorriso amarelo, levantou-se e saiu mancando.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 30/10/2012
Reeditado em 08/11/2012
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