Aperto na Kombi

- Jaboti e Itaitinga até o terminal!

Entrei. Dois passageiros. Três comigo. Parti do quilômetro zero da famosa BR-116, que está em obras justamente no trajeto que percorro todo dia. O motorista foi parando em todos os pontos de ônibus possíveis e vez ou outra brecava bruscamente, pensando que esse ou aquele transeunte queria embarcar em nossa singela viagem.

Quatro, cinco, seis – com a cobradora e o motorista são oito. Bem… o limite permissível numa Kombi é três em cada banco: nove pessoas. Então só faltava um. Um? Um monte… na cabeça da cobradora sempre cabia mais um. Nove. Pronto, a lotação estava completa. Ops, o motorista parou mais uma vez.

- Aperta aí que cabe! – pediu a cobradora para socar uma senhora gorda de três dígitos no banco de trás, que além de mim já havia um homem com uma grávida. Já era a décima dentro daquela lotação.

Onze, doze. Uma no banco do meio espremida entre as outras três pessoas e um agachado de lado, com a coluna pedindo um traumatologista. Ninguém conseguia se mexer um milímetro sequer.

Pensei que não iríamos parar mais, afinal já estávamos com três pessoas além do permitido. Nããão! Mais uma parada. A cobradora, que estava sentada no banco do meio, deu seu lugar para um passageiro, ficando encurvada por cima das pessoas.

Agora não tinha como entrar mais ninguém: treze passageiros. Só havia um lugarzinho na Kombi que tinha um pequeno espaço: no bagageiro. E, por isso, o motorista parou pela última vez.

- Entre aqui jovem, tem um lugarzinho em pé. Motorista, espera um pouco que eu vou entrar no bagageiro! – disse a cobradora.

Catorze, num carro que só comporta dez! falando em dez… dez quilômetros depois era a minha parada. A metade da lotação teve que descer para que eu pudesse sair daquele aperto. Dali eram apenas mais dois quilômetros andando para chegar no trabalho. O pior já tinha passado, só restava andar.

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Escrito em fev - 24 - 2005