Pequenas camisas
Nunca fui uma garota passiva em meus relacionamentos. Geralmente os casos mais interessantes foram aqueles em que cacei, literalmente. Esta atitude e temperamento peculiar me renderam algumas inimizades e uma pequena legião de admiradores e admiradoras.
Não estou nem um pouco interessada em cultivar tal fama, na realidade cago e ando pra qualquer elogio, como também não fico triste quando me xingam. O elogio e o xingamento são irmãos siameses, assim como o ódio e o amor.
Há uma ação, que costumo fazer freqüentemente, digna de elogios por uns(umas) e xingamentos por tantos(as) outros(as). Minhas amigas até hoje não entendem, ou melhor, compreendem o fato de eu sempre comprar pessoalmente na farmácia os preservativos que serão usados por meu amor no nosso próximo acasalamento (falo acasalamento porque gosto de sexo bem animal). Odeio pegar todo e qualquer tipo de fila, detesto mais ainda as de farmácia, resultado: compro pelo menos cinco pacotes de camisinhas, totalizando quinze promessas de gozo.
É muito engraçado quando entro na fila da farmácia com preservativos: as coroas olham pra mim com cara de reflexão, pensando, talvez, se as filhas delas fazem o mesmo. As velhas me olham como se eu fosse a mulher do Lúcifer, o mesmo vale para as evangélicas. Já os homens… desde os pirralhos, aborrescentes, até os tiozinhos e velhinhos, a cara é a mesma: querendo me comer. E olha que isso acentua-se pelo fato de eu ser gostosa, bonita e gostar de usar roupas que enaltecem meu decote e minhas curvas, embora também despreze o tal “padrão de beleza”. Os homens pensam que toda mulher bonita é burra e isso além de encher o saco, atrapalha minha vida pessoal e profissional, mas isso é assunto pra uma outra reflexão.
Procuro me cuidar comendo alimentos saudáveis e praticando esportes quando tenho tempo livre e, claro, perdendo calorias da forma mais prazerosa: gozando…
Por isso que costumeiramente enfrento filas de farmácia para comprar camisinha: meu fogo está sempre aceso e meu amor nunca descuida de tentar apagar! Não ligo para o que os (as) incomodados(as) pensam sobre minha atitude de comprar “estoques” de preservativos: sou apenas uma garota que sabe o que quer, se cuida e não perde a chance de amar, ser amada e feliz.
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Escrito em mai - 23 - 2005