A vida no banco dos réus - In Um conto por um conto
Ah !!, a pobreza é uma coisa revoltante, eu, José Cida Viva, trabalhador, honesto, cumpridor de meus deveres, íntegro, sociável, amável, fraterno, solidário, nunca neste mundo de meu Deus fui agressivo. É claro que certas ofensas daqui e acolá surgem, mas só isto.
Em casa, apesar, do trabalho exaustivo, excessivo, não consigo manter uma certa qualidade de vida, uma estabilidade financeira que permita ter um momento de lazer. É, sempremente, preocupação com o outro dia : as contas, o supermercado, a farmácia, o açougue, a escola dos 6 filhos.
Cansei-me. A vida levá-la-ei ao banco dos réus. Questioná-la-ei sobre os motivos, causas, razões, consequências dela ( a vida ) ser tão ingrata comigo. Madrasta cruel.
- Por que, Vida, é tão maldosa para comigo ???. Por que não me permite ter uma casa própria, eu, que luto anos a fio, não tenho sequer algo que possa chamar de meu ???. Por que não me dá sossego ???.
Por que não me permite dar aos meus filhos graciosos presentes ???.
Por que você, Vida, me trata assim ???. Que eu lhe fiz ???.
Segreda-me, então, em meu íntimo a própria Vida que eu, apenas eu, sou culpado. Que ao pô-la no banco dos réus, pus a mim mesmo, que
se sentenciado for, eu mesmo estarei assumindo uma dívida para comigo. Que a Vida sou eu próprio que faço.
- Portanto - disse a Vida -, para de chorar, cabeça de bagre, e vá a luta. Nada cai do céu se você mesmo não se esforçar e, cala a boca, Burro, pois, brigar com você mesmo não é a solução; é coisa de louco.
- Cabeça de bagre ???. Burro ???. É a mãe !!!. Louco ???. Eu ???.
Só porque estou usando esta camisa apertada neste quartinho trancado, não significa que sou louco. Estou, apenas, pensando contra
ti. A propósito,quando vão me tirar deste quartinho ??? E esta camisa apertada que me machuca ???. Você sabe, hein, hein ???.
Quieeeeto o quartinho.