DIDO - MEU CÃOZINHO AMIGO
Dido era assim um tanto Rafeiro, mais parecia um Pinscher, grande, pêlos com manchas pretas e brancas e rabinho "cotoco".
Eu morava em Tatuí, interior de São Paulo, e trabalhava em Sorocaba dia sim, dia não, em meados dos anos 2.000.
Quando eu estava em casa, Dido vinha sempre me chamar - com aquela carinha de cachorrinho que apronta - gostava de esconder ossos, enterrando-os em pequenos canteiros de terras das calçadas.
A vizinhança toda o conhecia, era atrevido, entrava onde encontrasse um portão ou uma porta aberta. Até na Escola Chico Pereira, que ficava ao lado de casa, ele era conhecido. Minha mãe lecionava lá e vez em quando Dido entrava na Escola, procurava por minha mãe e quando a encontrava, parava na porta da sala de aula e se sentava. Ficava ali, admirando-a, aguardando, até que ela voltasse pra casa.
São muitas histórias que meu amiguinho deixou aqui, guardado em meu coração. A que mais me toca é lembrar de quando eu voltava de Sorocaba, ia caminhando pela rua onde nós morávamos e sempre quando faltava duas quadras para chegar, no mesmo horário estava ele lá, sentado em frente de casa com suas orelhas em alerta, ficava olhando e entortando sua cabecinha como quem tenta reconhecer e de repente se punha a correr em minha direção e me saudava com seus pulos de alegria. Me lambia, me sujava, e tudo era uma grande festa!
Eu costumava conversar com Dido, mesmo que não entendesse todas minhas palavras, algumas reconhecia e se deitava ao meu lado, retribuindo-me com seu carinho e com seu amor incondicional.
Faz um tempo que Dido se foi. Como já escreveu um famoso autor, "está no céu dos cachorros". Um dia vou lá para buscá-lo, e quando eu estiver a duas quadras de chegar, ele me reconhecerá e tudo será uma grande festa novamente...
(Minha singela homenagem ao meu eterno amigo Dido.)