A flor e seu jardineiro
Uma singela flor, naquela noite de primavera, caminhou pelos jardins d’Itália até o intimista restô serpentil. Sabia de cor todos os sons da floresta e cantarolou até mesmo os segredos de Ítaca.
O jardineiro, ao notar a falta da sua rosa, saiu pela cidade à perguntar o paradeiro. Encontrou carneiros comendo arbustos de baobá e algumas flores, inclusive com espinhos.
Catou as pétalas que voavam pelas ruas e, embora assustado, não reconhecia nos vestígios a flor que contemplava em todas as noites de luar.
Um príncipe, de baixa estatura, indicou o caminho até a referida rosa, já que voltara do restô cantando “quem é de bem, fica”. Os carneiros, embebidos de um apetite peculiar, acompanhavam o jardineiro em busca da última flor daqueles montes.
Ao chegar no recinto, munido de especiarias de um vistoso cacaueiro, disse que ela era a única flor do seu mundinho e a partir de então estaria protegida daquela e de tantas outras manadas de carneiros por todos os jardins de Iracema.
Pegou-a pelo caule e seguiram para Pasárgada sem ao menos conhecer o rei, mas com a certeza que a escolha já estava escrita numa bandeira fincada na mais brilhante estrela para nunca se apagar…