INFORTÚNIO
Infortúnio
Como sempre, acordou cedo. Rezou, tomou um banho mais do que gelado, tomou café, deu um beijo na esposa e nos filhos. Foi para o trabalho.
Sorriu muito, vendeu bastante, discutiu com um cliente mal encarado. Encerrou a jornada. Pegou o carro, dobrou a esquina parou no bar de costume.
Sozinho, sorveu três garrafas da cerveja preferida estupidamente gelada. Pensou o dia seguinte: teria de vender mais, ganhar dinheiro o suficiente para a viagem de final de ano planejada com a família.
Despediu-se do amigo garçom.
Animado ainda lhe deixou uma gorjeta. Antes de ir trocou telefone e facebook com uma estonteante morena que estava na mesa da frente.
Entrou no carro, ligou o som num volume mais alto do que o usual...”Descobri que te amo demaisss”... cantava o Zeca Pagodinho.
Saiu acelerado. Pensou na morena com quem trocou olhares, e depois o telefone. Ligaria no dia seguinte, concordou consigo mentalmente. Acelerou mais ainda. Não viu o sinal fechado. Bateu, capotou.
Foi parar na UTI do Hospital geral da cidade.