OBSESSÃO

Tinha uma vida que muitas gostariam de ter: Um marido atencioso; Uma boa relação na cama e na família; Um emprego legal; Dois filhos maravilhosos e bom futuro sendo descortinado. Tudo estaria excelente se Elza não estivesse tão atraída por Walter. Sim, Walter, o novo “Boy” da empresa. Um garoto do tipo dezoito anos, moreno, alto, voz grave e jeitão de feliz. Um dia, Elza chegou ao local de trabalho e simplesmente encontrou Walter na sala de espera. Foi um impacto que não saiu mais da cabeça. A principio achou que era uma admiração momentânea, mas com o tempo “a coisa” foi tomando força, sonhos, pensamentos e atitudes sexuais. Agora, seis meses depois, estava desesperada. E olha que o menino, nem desconfiava. Tratava-a com o maior respeito. Ela que estava aflita. O que fazer? Não podia compartilhar “aquilo” com ninguém. O silencio era uma questão de segurança. “Meu Deus, o que fazer?”.

Com o tempo, aquele estranho tezão passou a receber gotas de ódio. Elza, então, passou a sugerir a demissão de Walter. Mas o cara era excelente funcionário e assim a idéia não foi adiante. Depois Elza sugeriu que Walter fosse transferido, também não encontrou apoio. Sem conter mais o desespero e a vontade de tarar o “boy”, Elza pensou no pior “Matar”. A gota d’água foi numa noite de amor com o marido em que no momento do orgasmo abriu os olhos e viu o rosto de Walter. “Não!”, não podia mais. Discretamente foi até um conhecido que, “conhecia” alguém que poderia fazer um serviço “limpo”. O preço? Mil reais. Pagou. Esperou. Até que numa segunda-feira ao chegar no trabalho, viu uma jovem com uma pequena criança no colo. A, quase, menina, chorava compulsivamente. Elza se aproximou e ouviu quando os colegas comentaram “Mataram o Walter. Parece que foi um assalto. Coitado, deixou um filhinho tão novinho”. Sentiu um frio correr pela espinha. A boca secou. Não conseguia desviar o olhar da “viúva”. “Elza! Elza!’ de repente voltou ao som da voz de Mila, uma das colegas de trabalho, “Aqui, assine a lista para comprarmos uma coroa de flores para o Walter”. Assinou.