Espelhinho do vagão
Os ponteiros já haviam se separado neste raro dia sem chuva. Ele estava num vagão, ao telefone, marcando a próxima aventura do fim de semana. Um leve sorriso demonstrava o que a imaginação já voava com aquelas companhias mui agradáveis.
O trem passou por uma região vulnerável da cidade no momento em que ele olhou para fora. Viu no meio da multidão uma garota que lembrava uma antiga recordação. Aqueles óculos escuros escondiam o rosto dela e, enquanto falava ao telefone, observava aquela cena que se aproximava do seu vagão.
Vuuuuuh…
Olhou no espelhinho do vagão e viu que a garota tinha se virado para conferir os detalhes daquele vagão e, naquele momento, percebeu que era ela! Há muito tempo não a via e estranhou aquela atitude de confirmação ao virar para ver melhor…
O trem não parou naquela estação e, mesmo que parasse, ela tinha decidido nunca mais pegar aquela condução. Escolheu viver em outro lugar, ter outras companhias e esse caso do acaso aconteceu por acaso. Ele desceu pouco depois para visitar seu afilhado. Desligou o telefone antes da descida e seguiu seu destino.
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Escrito em 12 de maio de 2011 – 23:30