O intruso
Nunca tive uma vida afetiva até o dia em que ele apareceu. Não esperava sua chegada, foi uma apresentação nada formal e com algumas sequelas.
Ele veio de mansinho, como quem não quer nada e quando menos espero, já faz parte da minha vida. Foi amor à primeira vista, nunca pensei que iria amá-lo. Espero que ninguém venha preconceituar este relacionamento, afinal, qual o mal de amar e ser amado?
Eu passo o dia limpando-o, embora as vezes termino sujando-o. Não esqueço de mantê-lo suprido de tudo o que queres e esforço-me ao máximo para não desgastá-lo. Ainda é precoce, mas não tenho discriminação. Não posso querer algo mais intenso que logo me diz que está doendo. Poxa, logo eu, um cara que sempre está à procura de novas emoções, relaciono-me com esta figura tão diferente de mim, o que o amor não faz? Vou vivendo e gostando muito deste sentimento, o amor. Jamais imaginei que amar fosse tão bom. Fico bastante feliz quando penso, sinto e toco nele.
A alegria aumenta a cada vez que vejo, que o tenho em mim. Pois é, caros amigos, há pouco tempo nasceu meu primeiro dente inciso. No começo senti dor, mas já me acostumei. Estranho não?
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Publicado originalmente na seção Diário de um’A Barata em 13/01/2001.