Cearense da beirada da praia

Os ofícios de janeiro tentaram segurar no escritório aquele cearense da beirada da praia. Ao invés dos banhos de mar, água de coco e a fuleiragem da terrinha, o espírito de work-a-holic paulistano queria transformar os dias de folga num típico fim de semana sudestino, regado a relatórios, pilhas de papéis e mofo.

Trancafiar um cabra véi invocado em pelo verão lascado de quente é uma tarefa das mais ingratas e vencidas já que o clima, do tempo e das pessoas, dialoga com o prazer de viver momentos singulares nas praias dos nossos verdes mares bravios.

Os raios de sol desta estação apagam temporariamente da memória o deleite de vivenciar o balé das flores primaveris. Concentramos nossa atenção ao contemplarmos os fins de tarde à beira-mar com céus de brigadeiro e a orquestra das marés. A praia sempre nos sugere dedicação exclusiva aos pores-do-sol, numa resignação absoluta, sussurrando em nossos ouvidos que esta é a derradeira missão de cada um de nós, cearenses da beirada da praia, temos que realizar…

* Escrito em 30 de janeiro de 2012.