Diferenças e superação

As diferenças e a superação

" Enfrentava preconceito por ser negra, pele e cabelo, queimados do sol por acompanhar seus pais na colheita de arroz. Quando ficava doente, gritava pela avó que morava depois da pinguela. Crescendo na roça, bem pertinho dos pais, vida primitiva, mas com muito amor.

O tempo passa, é tempo de aprender a ler e escrever, interpretar o mundo, fazer a leitura do mundo tal como ele é. Naquele primeiro dia de aula, lindo como nunca, vontade de aprender era bem maior, mas depois vêm as desilusões, o preconceito, as diferenças sociais e a exclusão. Pobre, muito pobre, apenas tinham chinelos nos pés, aquela chinela "karina" tinha que durar vários anos. A escola tinha tudo de bom, o lanche, mas só levava para a escola aquele caderno de caligrafia, usado para fazer as primeiras redações do ano. Sentados todos em fila não podia responder as questões antes de serem chamados pela professora. Pronto! Responderam a regra que antes de P e B se usa M. Mas do nada,aquela criança fica de castigo e é levada a secretaria sem saber o motivo, dizia ter respondido certo, enquanto outros não sabia a resposta. Enquanto isso no castigo observava os móveis, a mesa da diretoria, o mimeógrafo, imaginando e se culpando o que fizera de tão grave.

Tempos depois é preciso interromper os estudos por que não conseguia comprar os cadernos, livros e principalmente o uniforme. Porque em tempos anteriores os programas do Governo Federal não eram oferecidos para as escolas públicas. As escolas eram 5 km de distância de casa, a tecnologia ainda era muito longe da realidade. O destino fez que se interrompessem os estudos na esperança de um dia continuar.

Aproximadamente 15 anos depois se passaram, com muita garra, e força de vontade é tempo de retornar os estudos. Venceu todos os obstáculos, preconceitos e as diferenças sociais, enfim venceu estudando muito. Determinação e incentivo não faltaram, pois não pode alcançar esse sonho no tempo certo, ou seja, na idade certa.

No entanto, depois de graduada entende-se de que aquela professora toliu quem soube responder, com aquela atitude e com isso nunca iria incentivar os que tinham desejo de aprender até mesmo errando. Talvez seja a culpa do método tradicional do ensino que se aplicavam na época ou da rigidez daquela professora que não permitia a participação coletiva, ou até mesmo individual, onde todos pudessem aprender de modo participativo tornando os alunos seres críticos e reflexivos."

Lecione Barreto
Enviado por Lecione Barreto em 13/10/2012
Reeditado em 29/09/2016
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