DIA DE CÃO NÃO, DIA DE GENTE

DIA DE CÃO NÃO, DIA DE GENTE (coisas de mulheres)

Essa história é real e me foi contada por uma amiga querida. Apesar de dar boas risadas, afinal o caso já se tinha passado(se eu gargalhasse na hora era capaz de perder a amizade), me identifiquei com ela, porque já passei dias parecidos, e podem acreditar a melhor saída é rir,rir antes, durante e depois.

Então, Luzia, esse é o nome que dou a ela, (se colocasse o nome real certamente apanharia, ela tem pavio curto), estava há dias esperando com grande ansiedade por um maravilhoso evento social. Não o perderia por nada desse mundo.

Acordou cedo, e para que nada desse errado, listou as providências que teria que tomar antes de dirigir-se ao local, que iria com amigas. Teria que estar lá as 17:00 horas.

Chegou cedo ao Shopping Center, juntos com os lojistas. Queria escolher um sapato novo e uma cinta para segurar algumas gordurinhas (ai!!! ela vai me matar, não tem jeito, mesmo sem citar o nome).

Era pessoa objetiva, não daquelas mulheres que colocam todas as lojas abaixo para escolha de um simples par de sapatos. Na primeira loja que entrou escolheu um modelo pretinho com uma fivela dourada e que não lhe apertava os pés.

Ao pagar, estranhou a falta de aviso no celular (contratado com o banco que operava) da compra realizada no cartão de crédito. Notou então que seu celular não estava na bolsa. Preocupou-se inicialmente, mas como não era de se estressar (talvez a palavrinha mais usada nas últimas décadas), pensou aliviada: deve estar no carro, logo estarei lá e verificarei isso.

Passou em um balcão de informações e foi comprar a tal cinta. como não encontrou de imediato a que queria, resolveu ir logo ao seu cabeleireiro preferido , lá mesmo no shoppping.Que decepção: aquele era o dia de folga dele.Não esmoreceria, faria somente uma “escova” com qualquer outro profissional, que certamente, pela categoria do estabelecimento realizaria o serviço a contento.

Apresentou-se a Lucinha (nome fictício da cabeleireira) e solicitou o seu penteado. Ao término do trabalho, ao olhar-se no espelho parecia que de alguma árvores tinha caído um ninho de passarinhos. Pelo tamanho do ninho deveriam ser muitos, de tão armado e ressecado que ficaram as suas belas madeixas.

.Quase chorou, jurou que nunca mais voltaria ali, mas teve que voltar, porque esqueceu em cima da bancada o par de sapatos que tinha comprado.

Finalmente era hora de ir para casa, onde tentaria melhorar o aspecto dos seus cabelos e diante da sua roupa exuberante aquele incidente não teria a menor importância.

Dirigiu-se à garagem, e ao procurar a chave do carro na sua bolsa organizadíssima (brincadeirinha viu), fez a triste constatação: ali ela não se encontrava.

O tempo já estava curto, muitas horas haviam passado e a hora do evento já se aproximava. Voltou de local em local onde estivera para ver se achava a chave.No último local procurado, uma boa notícia, a chave tinha sido guardada pela gerente, que logo retornaria, após o seu intervalo de uma hora no trabalho.Não tinha outro jeito, teria que esperar.Após uma hora e vinte minutos(a quebra que jeitinho brasileiro sempre arranja), chave na mão.

Olhou o relógio e desesperada constatou que já eram dezesseis horas e que em nenhuma hipótese depois de pegar o engarrafamento habitual, tomar banho e se arrumar chegaria ao evento na hora marcada, ou pelo menos com apenas os vinte minutos de “quebra”.

Brilhante idéia de Luzia, que não desiste fácil das coisas: Iria ficar um pouco mais do muito que já estava, pendurada no cartão de crédito e ali compraria uma nova roupa para trocar em um apartamento que uma sua amiga alugava ali pertinho do shopping e do evento.

O apartamento estava vazio e ela tinha acesso, já tinha ido lá outras vezes quando queria meditar ou simplesmente recolher-se para descansar da música alta dos seus três filhos adolescentes.

Entrou em uma loja com artigos diversificados, mas muito chiques e falou para vendedora: tenho somente vinte minutos para conseguir uma roupa ao meu gosto para ir a um evento. A vendedora muito solícita, juntou-se ao seu colega e em um corre corre que mais parecia uma gincana conseguiu enfim localizar a tal roupa adequada à finalidade pretendida.

Engoliu seco, a minha amiga quando soube o preço, mas não é mulher de se prender a mesquinharias, apesar de não ser uma pessoa consumista.

E o pior ainda estava por vir: Lembrou-se que precisaria de pulseiras, anéis e brincos (sem estes impossíveis ir até a padaria comprar um pão, quanto mais a um evento social). Aumentou um pouco a conta na loja(que maravilha ter encontrado tudo por lá mesmo e que angústia ao pensar na próxima fatura do cartão)e sairia satisfeita.

Mas o apartamento estava vazio, então teria a minha amiga que levar toalha de banho, sabonete, desodorante maquiagem, roupa íntima e ainda o seu pente preferido que não viera na bolsa.

Agora já passavam das 17h30min, horas, estava atrasada, mas afinal de contas isso daria até um certo charme, afinal é comum um pequeno atraso. Comprou tudo que precisava, até aquela bucha de banho para renovação celular, afinal quem estava na chuva era pra se molhar.

Dirigiu-se ao apartamento ainda otimista, e se identificou na portaria do prédio, solicitando a chave, (já fazia uns três meses que não ia aquele refúgio).

Aí Luzia, mesmo sendo uma pessoa positiva, (e é, posso atestar isso) quase enlouqueceu quando foi informada que a sua amiga já tinha devolvido o apartamento ao proprietário e que, portanto estava ele indisponível, para o banho que tanto ansiava.

Se tivesse que voltar para casa, lá chegaria por volta das vinte horas, quando certamente já teria o breve evento chegado ao seu final.

Como admiro essa minha amiga, que pessoa mais determinada. Sabe o que ela fez?Como se tratava de um apart. Hotel ela perguntou: Tem algum apartamento disponível? pago a diária pra entrar e tomar banho, estou cheia de sacolas e preciso ir a um evento. A recepcionista, entre intrigada e feliz pela proposta, disse de pronto:tenho sim , “faço pra senhora cem reais”.Minha amiga prontamente catou o dinheiro na bolsa(sobraram cinqüenta reais para o taxi,já que não se arriscaria a ir de carro procurar estacionamento, o que seria a quantia quase exata para a ida e volta).

Abriu apressadamente a porta do apartamento e constatou que a maioria das lâmpadas estavam queimadas, mas não teria tempo para reclamar com a gerência, portanto se vestiu, maquiou e produziu toda, com a Lâmpada fraca que tinha no banheiro.

O perfume que tinha comprado não era do seu agrado, parecia perfume masculino, não tivera tempo nem de ver qual era, mas isso era um pequeno detalhe que de forma alguma iria estragar a sua noite.

Pronto, taxi na porta, rumo ao endereço cuidadosamente anotado na pequena agenda que levava na carteira que também tivera que comprar posto que sua enorme bolsa não era apropriada para a ocasião.

Na porta de uma casa de eventos que mais parecia uma mansão, um portão cor de bronze lindo, mas que distava uns cem metros do lugar que o taxi podia parar. Estava chovendo e o salto era alto, mas não seriam uns pingos de chuva no cabelo que o iriam tirar o bom humor da minha amiga.

Lá se foi ela, cumprimentou todos os amigos, desculpou-se com aquelas com quem tinha combinado telefonar para irem juntas (seu celular havia perdido mesmo, não estava no carro).

No evento tudo correu às mil maravilhas, tinha valido a pena aquela pequena correria. Mas como ainda estava em ritmo acelerado a minha amiga que não tivera tempo de almoçar, não degustou ali sequer um daqueles deliciosos salgados, o que a levou a convidar sua irmã, que também estava lá, para após o evento, saírem juntas para um restaurante próximo.

Ela disse que iria, mas que estava sem dinheiro, cheque ou cartão ali. Luzia então se prontificou e disse :Não se preocupe eu pago tudo.As coisas estavam realmente começando a melhorar, foram a um restaurante, comeram um delicioso prato de lulas com polvo, e ao solicitar a conta para pagar,um pequeno imprevisto:O seu cartão de crédito também não estava na carteira....

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 10/10/2012
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