Geração Saúde - In-contos
Eduardo era um rapaz geração saúde; malhava muito na academia: fazia halterofilismo,segundo ele, para ficar mais atraente para as mulheres, como fosse um pavão a emplumar as penas. Ele, devido aos constantes exercícios, era um rapaz bem apessoado, corpo definido parecendo uma estátua grega, músculos vistosos, tanquinho, ombros largos, cintura fina. Realmente, um belo espécime para as mulheres, tal luz para as mariposas. E eram tantas mulheres que queriam ser vistas ao lado dele, simplesmente, para causar inveja para as demais. No entanto, Eduardo era como um livro: capa bonita, mas sem conteúdo por dentro.A natureza fora-lhe pródiga biologicamente, dotando-o com aquele corpo de um verdadeiro Apolo, mas, nem tudo é perfeito neste mundo : o que ele tinha em beleza estética, faltava-lhe na cabeça; não tinha nada, apenas, um cérebro de ameba.
Eis, que de tantas mulheres, surge Regina, a lindíssima, a bela, possuidora de duas coisas que Eduardo não tinha : cérebro e dinheiro, muito dinheiro.
Conheceram-se e Regina ,logo, se interessou por aquele Deus-Grego,
convidou-o para jantar fora e eis o diálogo que se segue:
- Vamos comer fora hoje ?? - convida Regina.
Eduardo reflete um pouco, olhos apertados, mandíbulas rangendo e num esforço sobre-humano responde:
- Vamos. Muito legal a sua ideia. Mas não vai chover hoje não, vai ?.
- Chover ?? - estranha Regina.
- É. Eu preciso trazer a mesa para o quintal e se chover, não sei não,
a menos que a gente arrume uns guarda-chuvas...
- Não seu bobo, não é...
- Aaaah !!!. Mas eu não tenho quintal. Moro num apertamento e...".
- Apertamento ??.
- É. Aquela coisa grande pra riba como se fosse uma casa em cima da outra.
- Sei, mas você não entendeu. Eu...
- Você tem quintal ??. Guarda-chuvas ??".
- Tenho, mas deixe-me fa...
- Legal, então tudo resolvido. Eu levo farofa e você o frango, mas frango magro, heein ??. De preferência de carne branca e peito, tá ??.
- Nããão. Você pode deixar eu falar ??.
- Uééé, você já não tá falando ??. Pelo menos, mexendo a boca eu sei que está e eu ouvo você,também".
- Ouvo, não. Ovo.
- Que ovo, mulher ???. Quem falou em ovo, aliás, nem de ovo eu gosto, fique sabendo, viu ???.
- Olha aqui !!!. Vamos jantar fora e ponto final.
Eduardo calou-se e ficou olhando, mas não via nada.
- Aqui ???. Ponto final ???. De que linha, de que ônibus ???. Onde ?.
Esta mulher é doida. Acho que não vou jantar fora não.