Ele - In causos etílicos
Ébrio, encostado ao balcão, copo na mão, bebia ele entre amigos a conversar contando causos sem assunto certo ou definido, pois, conversa de bêbado só bêbado entende; o engrolar a língua, as palavras cambaleantes, desequilibrando-se caem da boca, no mesmo instante, que a abre para tomar mais um golinho, só mais um, mais um, mais um, mais um. Apenas um.
- Viu, como bebi apenas um golinho ??. Não bebi nada.
Assim, neste beber contínuo sem vírgulas nem ponto final, sente ele uma necessidade urgente de aliviar-se:
- Cadê o urinol ??. Onde vocês esconderam ??.
Já em desespero de causa pega a chave da mão de alguém e dirige-se ao urinol, que, também, serve como defecol. Lá no interior, dentro estava, quando as luzes se apagaram.
- Como irei acender o charuto, agora ??.
Saiu do urinol-defecol que se encontrava dentro de um quartinho, alí procurou um lugar mais claro para acender o charuto, mas ao pegá-lo, eis que cai ao chão e, no escurinho, sem muito ver, passa a mão ao chão e o encontra, leva-o a boca e sente um forte cheiro como se
alguém tivesse defecado no mundo.
- Mas, tudo bem. Estou num urinol-defecol mesmo - pensou ele.
E saiu do quartinho escuro dirigindo-se ao bar com o charuto na boca, aliás, meio macio aquele charuto. Pediu, ao primeiro que viu, um fósforo
para acendê-lo e qual não foi sua surpresa , quando o barzinho todo
caiu em gargalhada estrondosa que reverberavam pelas paredes, caindo aos ouvidos como uma afronta.
- O que foi ?? - perguntou ele.
- Vai fumar isto mesmo ?? - responderam, quase, em coro.
- Claro, é o meu charuto.
E pegando o charuto para certificar-se, sentiu náuseas e vomitando praguejava:
- Que merda é esta ??.
O riso foi geral.
- É merda mesmo, seu imbecil. É um longo e cilíndrico cocô de cachorro.