DÁ PRA ESQUECER?
-Menino, vai ao boteco da baiana comprar pão pro café - mandou a mãe e Nino foi correndo.
Naquela pequena e humilde vendinha havia duas portas altas de folhas duplas em madeira, sendo que duas folhas encontravam-se no meio do cômodo formando um triângulo. Pois é! Justamente naquele ângulo estava ele: um senhor claro sentado em um banquinho baixo, tocando seu velho violão e cantando. Cabeleira, bem como a barba a muito por fazer, de fios brancos e abundantes, aquela presa por uma fita ou faixa colorida; maltrapilho e com dois espetaculares olhos azuis; o violão encardido, assim como as tres ou quatro fitinhas coloridas dependuradas no braço deste, davam um aspecto mambembe ao tipo.
Seria um vagabundo, um andarilho ou um....anjo?
Nino dá de cara com ele e, entre surpreso e assustado, desvia o olhar encaminhando-se ao balcão, ficando quase que de costas para o cantante, que parou de cantar o que entoava e começou outra canção cuja letra, em seu primeiro verso, dizia:
-POR QUE ME NEGAS UM OLHAR?
Dá pra esquecer?