INGRATIDÃO

Laura esboçou um leve sorriso quando o telefone tocou. Estava dando os últimos acabamentos na maquiagem e deixou tocar algumas vezes antes de atender, sabia que a pessoa que estava do outro lado da linha iria insistir, já imaginava que era Sérgio, um paquera que conhecera há poucos dias na praia e que a deixara bem interessada. Atendeu elegantemente e ouviu um elogio. Riu convencida e confirmou que ele poderia vir buscá-la.

No quarto ao lado da elegante sala estava uma senhora bastante idosa, adormecida. Na cabeceira da cama algumas caixas de remédios que necessitava de seu uso. Laura olhou para ela antes de sair, deu um sorrisinho e um adeusinho e abriu a porta, indo ao encontro de Sérgio, que já havia buzinado avisando que chegara. Beijaram-se assim que ela entrou no carro. Dirigiram-se para um restaurante onde a noite prometia. Ele estacionou o carro e se acomodaram em uma mesa reservada. Um aceno para o garçom e uma bebida foi servida, num ambiente de pouca luz ao som de uma música bem alegre. Um gole e um beijo na boca de causar inveja nos demais casais que ali estavam, alguns dançando.

Em casa a velha senhora despertou e sabia que estava sozinha. Não contava com Laura, apesar de ser sua única filha, ficando sempre desprezada, muitas vezes dopada pelos medicamentos ingeridos contra a sua vontade. Tentou levantar mas o sono ainda a dominava devido ao efeito de calmantes. Sentia fome, mas ninguém poderia lhe servir naquele instante, o jeito era esperar ou adormecer novamente, o que geralmente acontecia.

As horas já estavam adiantadas quando Laura deixou o restaurante ao lado de Sérgio. Abraçados, se dirigiram para o carro, porém Sérgio queria mais, envolveu-a nos braços e beijou-a ardentemente durante alguns minutos. Entraram no veículo e pegaram a estrada, parando em um motel onde o clima esquentou. Rolou sexo por um bom tempo até que ambos adormeceram. O dia já amanhecia quando deram conta de onde estavam. Abriram os olhos e se entreolharam com um ar bem sacana. Um beijo e mais cenas de sexo. Após o banho aguardaram o café da manhã com muito requinte. Risos e olhares maliciosos.

A velha senhora conseguira levantar logo cedo a todo custo, apesar da dificuldade enfrentada. Se alimentava do que encontrava fácil na geladeira ou no armário. Esquentava o café quando Laura entrou repentinamente. Nem a cumprimentou, indo direto para seu quarto. Marta, assim se chamava, nada podia fazer devido a sua total dependência da filha, que era quem recebia a sua gorda pensão e fazia os pagamentos das despesas. Ela nem via a cor do dinheiro, do seu dinheiro.

Assim era o comportamento de Laura, não tinha a mínima consideração pela mãe, trocando sempre de namorado e ostentando um padrão de vida invejável. Demonstrava total ingratidão pela mãe, deixando-a sozinha e curtindo a vida em prazeres sexuais. Queria aproveitar o máximo que pudesse às custas de Marta, planejando casar com o primeiro besta que topasse após a morte da mãe.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 26/09/2012
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