Solitária Esperança - In contos d'minutos
Era eu sentado no muro da casa de minha esposa, esperando-a, já, por longo tempo. Chegara cedo para esperá-la e, agora, noitemente, via os carros passarem na avenida à frente da casa dela. Entendia a rua que de única levava à multiplicidade de rumos , todos nascentes de mesma direção, mas de caminhos à frente distintos.
Sabia eu, era a vida que ali passava indiferente ao ser que sentado no muro solitário chorava desesperado a chegada da amada, que tardava por esta mesma avenida que o absorvia intensamente,adivinhando rumos, os quais ele havia de os encontrar algum dia, em um momento presente,agora na mente, distante, no entanto, perdendo-se no tempo.
O esperar era angustioso, ansioso por aquela amada que não viria tão cedo. Esperava, portanto,e, hoje, ainda o vejo esperar em um canto mal iluminado da memória por aquela amada.
A que chegou hoje, não é a mesma, é outra; eu mesmo sou outro.
Pedaços de nós se perderam distante; no longe passado ficaram.
Somos, hoje, restos que juntam pedaços retalhados pela longa espera. Somos metades do que idealizamos, do que sonhamos. Pequenos do que somos sobreviveram.