Solitária Esperança - In contos d'minutos

Era eu sentado no muro da casa de minha esposa, esperando-a, já, por longo tempo. Chegara cedo para esperá-la e, agora, noitemente, via os carros passarem na avenida à frente da casa dela. Entendia a rua que de única levava à multiplicidade de rumos , todos nascentes de mesma direção, mas de caminhos à frente distintos.

Sabia eu, era a vida que ali passava indiferente ao ser que sentado no muro solitário chorava desesperado a chegada da amada, que tardava por esta mesma avenida que o absorvia intensamente,adivinhando rumos, os quais ele havia de os encontrar algum dia, em um momento presente,agora na mente, distante, no entanto, perdendo-se no tempo.

O esperar era angustioso, ansioso por aquela amada que não viria tão cedo. Esperava, portanto,e, hoje, ainda o vejo esperar em um canto mal iluminado da memória por aquela amada.

A que chegou hoje, não é a mesma, é outra; eu mesmo sou outro.

Pedaços de nós se perderam distante; no longe passado ficaram.

Somos, hoje, restos que juntam pedaços retalhados pela longa espera. Somos metades do que idealizamos, do que sonhamos. Pequenos do que somos sobreviveram.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 23/09/2012
Reeditado em 08/11/2012
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