VISITA
“Entra e senta”.
Ela entrava e sentava, sem saber ao certo o que estava fazendo ali. Aquele casebre, aquele cheiro de coisa podre que exalava da cozinha, aqueles cacarecos que não valiam nada. Mas ela ia ali todas as semanas. Sentia asco do lugar, mas ia. Precisava dele e ele exigia que fosse ali. Ou nada feito.
“Deita na caminha, amor, que eu já vou, tá?”
Ela deitava. Uma cama de madeira, o colchão mole, o espelho todo arranhado, sem travesseiros.
Ele chegava depois, o pau duro, abria as pernas dela e enfiava.
Ficava enfiado mais de uma hora, estocando com força, ela gemendo, gritando, delirando. Ela gozava uma, duas, três vezes e ele de pau ainda duro dentro dela, mordendo os peitos dela com força.
Ele gozava e dormia. Ela se levantava, exausta, tonta, tomava banho, vestia-se, deixava um dinheiro em cima da geladeira e saía.
Já fazia três anos que ela o visitava. Três anos desde que ele a estuprou numa rua deserta do centro da cidade.