Let's dance.
Texto justificado e mente bagunçada. Como se o texto alinhado fosse disfarçar toda a loucura que se passa dentro de mim e que todo mundo vê. Como se assim parecesse que eu sou organizada.
Organização é a última coisa que se passa dentro da minha cabeça. Por tantos meses eu esperava que ele chegasse, e fingia felicidade toda vez que o via, mesmo que estivesse junto de pessoas que não esperava. Agora percebo que quem esperava era quem menos esperava.
Olho pela fresta do meu óculos pois sempre acho que verei melhor. Todo dia eu vejo tantas pessoas passarem, atrasadas, felizes, chorando, correndo, sorrindo, e penso o quanto gostaria de conhecê-las. Essas pessoas passam pela minha casa, ou pela minha conversa. Pessoas que se julgam conhecedoras de mim e de si mesmas.
Que loucura, alguém diz. Que maravilha, outro diz sobre a mesma coisa. Opiniões opostas, todas corretas e com tom de verdade. Acredito em todos, penso, pois todos são mentirosos.
Entrei na cabeça dele sem permissão. Tomei seu café e fumei seus cigarros. Olhei pela fresta do óculos e ele continuava ali, com a mente aberta, doido para mostrar tudo que eu esqueci de ver da primeira vez. Entro de novo e de novo, várias vezes por hora. Mas sempre esqueço de perceber que ele também entra na minha cabeça, fuma meus cigarros e toma meu café.
You're the same kind of bad as me. Tirei a roupa e saí correndo. Quando a água tocou meus pés, pude senti-los flutuando enquanto meu corpo desenhava movimentos e minha mente desenhava prazeres nunca antes experimentados em uma dança. Nunca fui de dançar, muito menos esse tipo de música. Dançava em um mar de café, cigarros e muita música boa. De papel de parede, palavras e palavras que não me deixavam parar. Eu jurei que nunca mais sairia daquele club.
Let's dance, put on your red shoes and dance the blues.