Cor de leite

Despertei de um cochilo com a entrada, em meu quarto, daquela garota de faces rosadas e pele da cor de leite. Esboçou um sorriso, doce, naquela carinha de menina.

Falou-me da última viagem naquela comunidade que a levei há alguns anos, sobretudo das novidades da agroecologia em que implementou.

Ela estava muito empolgada com as semanas que passara longe da cidade e planejava morar uma temporada por lá, principalmente depois de ter vivenciado numa festa o desprendimento das tendências da moda e não teve vergonha de ficar do jeito que veio ao mundo.

Levantei da cama e perguntei, surpreso, se ela sentira vergonha da nudez pública enquanto lavava o rosto remelento. Ao enxugá-lo numa pequena toalha, já velha, vi dois círculos rosados se aproximando…

- Assim, seu bobo, não é tão natural?

Fiquei paralisado.

Aquela menina banguela e com cara de foca tinha se transformado num mulherão e estava, na minha frente, fazendo topless com a cara mais sem-vergonha do mundo.

- É que… eu…

- Por que você me olha com essa cara de bobo? Desde pequena escuto tantas histórias suas com mulheres que pensei que estava acostumado de ver assim… livres! São lindos, né?

Ela era irmã mais nova de uma amiga que passei anos em amizade colorida. Na época a via só de calcinha correndo pela casa e achava o máximo quando eu trazia um pirulito. Agora ela me mostrava um outro lado que sequer cogitei.

Vestiu-se, beijou-me a face e se despediu soltando um beijo no ar depois de pegar um livro na estante que eu havia prometido…