UM PÔR- DE- SOL NA CASA DAS MÁQUINAS
Era uma ensolarada manhã de Sábado, quase meio dia, quando o interfone tocou na cozinha.
Ela, esbaforida, acabava de chegar da rua sob um sol a pino e foi surpreendida pelo recado, o de que alguém passava mal lá em cima, na casa das máquinas.
Um arrepio premonitório lhe atravessou o coração.
Cena congelada: aquele homem, zelador exímio, impecavelmente uniformizado, dedicado profissional de todas e de tantas horas, encerrava ali, entre o emaranhado de máquinas e tubulações, o seu maximizado conto minimalista de vida, sem que nada pudesse ser feito.
Naquela manhã o condomínio tristemente se constatava órfão, algo sem alma, e ela acabava de perder um grande amigo.
Há histórias tão subitamente incompreensíveis...quanto o próprio silêncio dum último pôr-de-sol...