Pai e filho - In contos sem data

Era eu um velho aposentado com limitações para caminhar, tempo livre de sobra, vivendo o vazio, sozinho que viúvo, arrastando-se para a última morada sem nenhuma vontade.

Algo,ainda me divertia, mania de velho, era tela que via longe,não o céu, mas o vizinho próximo.Empunhado de binóculos aos olhos; assistia todos os dias o desenrolar da vida alheia. Os vizinhos: pai e filho. O pai parecia amar o filho, como todos os pais devem. Devia, no caso dele, pois, certo dia, o filho aparece em casa com uma mulher e comunica ao pai que pretende ficar com ela: unir sua vida à dela. A princípio o pai se assusta, depois se apavora e, logo, se desespera: o pomo-de-adão daquela mulher era maior do que o seu próprio; as mãos enormes, as unhas bem pintadas; o calçado no mínimo número 42 a 44. " - Que fazer ?? - pensou o pai - não é possível que esta besta do meu filho não saiba a diferença entre um homem e uma mulher. Será que ele é ? - pensou, de novo, o pai. A esta ideia surge em sua mente uma horripilante cena na qual o filho vivia uma relação na base do troca-troca. Não resistiu, falou ao filho:

- Você sabe bem o que está fazendo ?. Respondeu o filho:

- Sei. Logo teremos filhos.

De casa ouvi gritos, imprecações. Não sei o que aconteceu depois, porque acho muito feio ficar cuidando da vida dos outros.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 07/09/2012
Reeditado em 08/11/2012
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