João Batista - In Contos sem data

João Batista era um homem simples.Para ele o dinheiro só tinha importância na medida em que precisasse dele; um centavo a mais e

já era tirar daquele semelhante que não possuía nada. Assim, João Batista pensava e agia, contudo a Fortuna ( Deusa Grega) lhe favorecera com os seus dotes: tinha uma bela casa; Bela esposa - modelo que era - , belo carro e, apesar de tudo, ainda era sócio de uma grande e conceituada empresa. Dinheiro não lhe era problema.

Embora, João Batista fosse simples, a sua vida diária era invejada por

todos quantos a conhecesse.

Quando ele,enfim, assumiu um grande sonho e o relatou à esposa, esta

reagiu de uma forma violenta e irracional.

- Eu sou modelo de sucesso, tenho fãs, estou no auge da fama. Não vou sumir por nove meses,apenas, porque você quer.Jamais.Nunca. Entenda isto de uma vez por todas e não volte a falar neste assunto, pois me é, sumamente, desagradável.

Entretanto,esperançoso,como era, tornou a lhe falar 2 ou 3 vezes.

Desta vez,ela nem se dignou a responder, quem o fez por ela, foram os

advogados. Ele recebeu uma intimação para comparecer ao tribunal e, lá, perante o juiz, soube que a mulher queria o divórcio litigioso, exigindo metade dos bens: participação nos lucros da empresa; a casa;

o carro. Tudo.

A mulher que ele amava pedia-lhe tudo.João Batista desiludiu-se, decepcionou-se, algo dentro dele morria lentamente. A amada o excluía de sua vida como se fosse lixo. Saiu do tribunal; dirigia-se ao estacionamento,quando lembrou-se de que o carro não era mais dele.

Desanimou-se, não queria brigar; aborrecer-se;prolongar a decepção.

Enfiou a mão no bolso, deixou cair a chave do carro no chão; parou, olhou a rua que devia atravessar com os olhos embaçados pelas grossas lágrimas da desilusão em que o desânimo se fez morada.

Assim, atravessou, mas não chegou ao outro lado; um carro o atingiu,

jogando-o a 2 metros longe, caindo, bateu a cabeça na calçada, sofrendo traumatismo craniano. O sangue escorrendo; a fé na vida e nas pessoas morrendo e fechando os olhos não os abriu mais para esta vida.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 01/09/2012
Reeditado em 08/11/2012
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