Pais - In Contos sem data
Nascera assim já privilegiado, já rico, já cheio de mulheres, já repleto de vontades e desejos satisfeitos: mansão, piscina, quadra esportiva, salão de lazer, e um espaço só seu onde poderia ser astro do rock com suas tietes. O dinheiro, o conforto, o sempre ter o que queria, pois bastava desejar e lá tudo estava.
Tornou-se vazio, que tudo lhe era fácil, como se lhe caísse nas mãos
sem o menor esforço.Portanto,acostumara a desejar e nada fazer,que tudo lhe era grátis,sem trabalho ou qualquer esforço,seja, moral ou físico. Tudo lhe caía às mãos sequiosas do sempre melhor.
Criou-se a consciência do ser-superior; ele , então, era o centro do Universo.
Assim crescera,adulto se tornara e na idade de casar, casou-se.A esposa era,apenas,uma conquista do Ego. Porém, amar confundia com posse, conquista, e o ser conquistado, ao contrário do que se comprava, tinha vida, idéias próprias que não obedeciam aos comandos
dados.
Ele não entendia.O que não lhe servia aos propósitos não tinha utilidade, e numa discussão inútil e sem sentido, não resistiu. " - Sem-
pre tive tudo. Quem pensas que és ?. Nada,simplesmente nada."
Encolerizado não entendia ,agora, o outro que se negava.
Apertou-a; o pescoço dolorido com marcas de dedos exalou um último suspiro.Matou a esposa. Pai, por que me abandonaste ?.
As grades.o estar preso, revoltavam-no. O que fiz de errado?.
Assim cresci.Assim aprendi.