OLHOS VERDES !
A sua jornada de caminheiro era sempre a mesma, até que numa bela manhã – meu Deus - verdade- que lindos olhos ! E aí, um suor frio rasgou as suas veias naquele quadro matinal - entretanto, sem nada rolar a mais que um sorriso ligeiro ! ...
- É, deixa pra lá – pensava ele - ledo engano ! ...
Entretanto, a verdade interior era bem outra – pois, sutilmente, passava a acompanhar aqueles passos delicados, sincronizados e de pegadas serenas ...
Noutro dia, ao cair da tarde, o coração bateu-lhe mais forte ao divisá-la, ao longe, rumando à pracinha da cidade ... nem pensou duas vezes ..., disfarçou o suficiente enquanto uma cavalgada passava - mudou ligeiramente o caminho ... E não deu outra:
- Olá, tudo bem – disse o moço com voz trêmula, insegura e embargada.
- Bem – respondeu-lhe a camponesa – estou lendo Alencar em seu romance “ Iracema“ - “ a virgem dos lábios de mel “! ...
- Que encanto, hem ? – sinalizou...
Emotivo e já sem saber como pontuar as palavras, enquanto uma brisa soprava docemente e a vida parecia sonhar, o telefone toca e alguém do outro lado informa-lhe sobre perdas e danos ... Fim de festa, diria eu - e agora, estampa-se, nessa hora, em seu semblante, sem métricas e rimas, o desencanto do amor ... desarmando-lhe os pensamentos e a coreografia da vida ...
Trôpego e sem firmeza às areias movediças aos seus pés, respira pausadamente em silêncio profundo e vê, gelidamente, mais uma vez, escapar pelos dedos aquelas marcas fincadas no seu olhar, quebrando-lhes os sonhos adolescentes como a sombra que resvala silenciosamente por entre as nuvens – e ainda maior – com a dor de uma oportunidade perdida ...
E, nunca mais a viu !!! ...