Um aperto de mão - In Contos Elegíacos
Estava ele,naquele quarto imenso de branco mármore, em que se lia como num espelho aquele rosto triste,desfigurado pela dor;deitado no leito cujos cuidados especiais indicavam a gravidade do quadro
clínico dele.
A tristeza era uma constante naqueles olhos que choravam de um chorar míudo,em soluços que sacudiam aquele corpo frágil,delicado, indefeso mesmo, perante a vida.
Chorava de cortar o coração.E aquele chorar indicava apenas uma coisa: o quarto parecia imenso,porque vazio de vidas queridas ,que pudessem ,ao menos,ofertar um gesto de sincero carinho.Tinha esposa,filhos,irmãos,pai e mãe,enfim uma família,mas,neste grave momento,estava sozinho a sentir as forças aos poucos desfalecerem.Sentia medo de fechar os olhos e não mais poder abri-los.Delirava ora,que vezes,no auge da Dor: - abraçava entes queridos;parecia ouvi-los estimulando-o à resistência,à luta pela sobrevivência.
Porém,delirava apenas.Ali não havia ninguém.
Chorava desesperadamente,pois,pensava ele, que não era possível ter
vivido toda uma vida sem ter conquistado um afeto sincero que fosse.
Os olhos prestes a apagar nublado pelas lágrimas...Nem,ao menos,ao
morrer ele teria o bálsamo de um aperto de mão.