Um amigo de perto - In Contos Elegíacos
Estivera ele em viagem de negócios numa pequena cidade do interior de São Paulo.
Certa tarde,já começo anoitecer,vinha ele voltando do sítio,quando,no meio da estrada,à frente do carro,uma coruja em voo rasante procurava sua presa.Impressionado com aqueles voos,ele ficou
curioso e quis identificar a futura presa da coruja.Súbito,à frente do
farol alto,surgiu um coelhinho desesperado a correr à procura de um abrigo e,não o encontrando,parara à margem da estrada indefeso,
esperando o inevitável fim.
Ele,homem já velho,sensibilizou-se com aquela cena e, num ímpeto,já
desejou salvar aquela indefesa presa e,sem pensar,parou o carro,desceu,caminhou até o coelhinho que tremendo encolheu-se
e,ele,então,sem dificuldade o pegou,acreditando estar salvando aquele coelhinho de morte certa.
Retornou a São Paulo,trazendo consigo o coelhinho,ainda filhote,por quem já se perdera de amores.Já o via correndo pela casa,alegre e saltitante como a agradecer por ele ter-lhe salvo a vida.Sonhava já,fazia planos: que ração lhe daria;que mimos lhe traria.
Chegou em São Paulo já noite.O coelhinho não corria,nem saltitava alegre,pois a morte certa não fora a coruja e sim ele.