A Noiva
Ela estava linda a frente do espelho. Parecia uma princesa a espera do seu aclamado Final Feliz. Dona de uma delicada face, tão refinada como uma boneca de porcelana, deslumbrante em seu vestido rendado, com calda enorme, nas mãos apenas luvas e um buque de rosas vermelhas, assim como desejará desde menina.
Sob olhos atentos de uma dedicada mãe, apreciava cada centímetro do tecido envolvido em seu corpo. Ainda embasbacada, tão pouco conseguia expressar sua felicidade. Ela estava lá, linda, pronta para subir ao altar com a pessoa que escolheu para lhe acompanhar nas felicidades e tristezas para o resto de sua vida, pronta para ser entregue a quem à fazia feliz, a quem a fazia se sentir amada.
- Mãe?... – disse ela a procura daquela carinhosa mulher.
- Sim querida.
- Como estou?
- Linda, uma princesa delicada. – mas a mãe teve de se calar para conter as lagrimas, a filha por sua vez colocou o buque sobre a cama, e sinalizou para que suas damas se retirassem do quarto por alguns instantes. Assim que a porta foi fechada, ela se dirigiu aquela mãe, dando lhe um terno abraço.
- Mãe, Obrigada por estar aqui, por sempre ser estar ao meu lado, e me dar forçar e educação para construir minha família.
- Você é feliz, olhe como está sorrindo, não poderia ter escolhido alguém melhor para esse dia. Hoje entregarei para a vida jóia mais rara que tenho. Me sinto com a sensação de dever cumprido. Filha, eu e seu pai estamos orgulhosos, e tudo que mais desejamos é que seja feliz.
- Oh mãe...
- Mesmo que doa um pouquinho te deixar partir, mas é a vida, e a sua só está começando.
Carinhosamente ela se aconchegava no colo de sua mãe, deitando a cabeça sobre suas pernas, e cantarolando uma musica de ninar... sua voz ficava tremula, chorosa...
- Filha levante-se. Olhe só... está borrando sua maquiagem. Vamos, vamos limpe isso... seu noivo já deve estar a sua espera, assim como seu pai de guarda da porta do Quarto.
- Oh, coitado mande-o entrar.
Enquanto terminava de retocar a maquiagem, seu pai que vestia um lindo terno azul marinho e uma gravata vermelha entrava, com uma caixinha na mão.
Assim que o viu passando pela porta, correu para seu braço dando-lhe um terno abraço.
- Minha filha deixe-me ver como está – disse ele pegando suas mãos e a girando – Veja querida, como está nossa menina, linda nesse vestido. Me lembra muito sua mãe, quando nos casamos. Espero que tenha a mesma felicidade que tivemos, e que tenha filhos tão incríveis quanto os nossos.
- Pai, sou incrível porque o senhor é incrível, é meu herói... meu ídolo.
- Trouxe isso, espero que goste... foi de sua mãe, ela usou no nosso casamento. Eu sempre guardei para que você pudesse usar nessa mesma importância.
Em suas mãos tinha uma caixinha preta aveludada, que ao ser aberta revelou um par de brincos e um colar de pérolas.
- Papai... mas são as pérolas da vovó. Eu não as mereço.
- Sim, são de sua avó, que presenteou sua mãe no dia do nosso casamento, no mesmo dia em que ela soube que você estava a caminho, então ela pediu a sua mãe que passasse para a pequena criança esse pequeno mimo, que foi cúmplice da felicidade dela, da nossa e agora será da sua. – Ele era um pai sábio, orgulhoso de seus ensinamentos, feliz por aquele dia. Os brincos ele entregou as mãos de sua filha, e o colar teve a honra de colocar em seu pescoço. – Está ainda mais linda, eu achei que era impossível... mas olhe, eu estava enganado.
Aquela noiva, delicadamente acariciava o rosto de seu pai que tentava se manter firme sem derrubar suas lagrimas. Porém ela o venceu, dando-lhe um forte abraço. A mãe por sua vez, enxugava as lagrimas daquele honroso pai, sendo puxava pela filha que a acolhia ao abraço.
- Eu te amo pai, eu te amo mãe.
- Nós a amos muito mais querida.
- Vocês são as mulheres da minha vida, eu as amo muito - disse o Pai, que logo olhou o relógio e viu que estavam atrasados, pondo fim aquele abraço – Agora vamos, estamos atrasado, seu noivo é um ótimo rapaz, torce para o time errado e é péssimo no tênis, também não sabe nada de corrida...
- Pai..
- Mas você não poderia escolher ninguém melhor para ser como meu filho, agora vamos.
Sobre risos, e abraçados os três saíram do quarto, rumo a igreja. Sobre a cama só restou um retrato junto a um terço, era de uma senhora que já havia falecido, avó da noiva, que ensinara aquela família, que nada pode ser mais forte e mais honroso do que os valores familiares. E que nada é mais belo do que o Amor.