UMA MULHER VIRTUOSA E RECONHECIDA!
Saber reconhecer uma atitude tomada por outra pessoa após tantos anos é difícil de ver, ainda mais quando se é jovem, cheia de sonhos e de planos futuros, casada há pouco tempo, querendo entender tudo e às vezes criticar maneiras de ser, de agir, principalmente de uma mãe.
Estou querendo relatar um amor tão grande, tão cheio de desejos de felicidades, de proteção, de carinho e de tudo de bom que uma mãe pode desejar a um filho, ainda mais se tratando do caçula, da raspa do tacho. Estou falando da mamãe Paulina e do meu irmão Persinho, como era bom de ver tudo que ela fazia por ele, nós irmãos mais velhos queríamos protege-lo também, nunca tivemos ciúmes, só o Rone um pouquinho , mas com certa razão logo superada.
Eu como irmã mais velha, me sentia um pouco mãe, como, aliás, sinto agora mãe inteira depois da partida da mamãe. Mas o que quero contar nesta narrativa é que sempre brincávamos entre nós, o papai também, como ela ficava de “butuca”, vigiando lá na porta de casa, já em Goiânia, na rua R 6, as prosas noturnas do Persinho com os colegas da rua, ficava atrás da cortina e as vezes o chamava: Persinho ! Tá na hora de entrar...
Quando ele começou a bater asas, a namorar, comprou o primeiro carro a vigília continuou com toda dedicação. Um dia ela me disse: Sônia! Sabe o que estou pensando? Lembra-se do seu pai contar, a Zilda também, irmã dele, como sua vó a querida Dona Antônia esperava pelo filho, também Pérsio e também caçula, todas as noites, quando ele saia naquela escuridão? (a casa da vovó era um pouco distante do centro da cidade de Ipameri). Quem disse que ela dormia antes dele chegar? Segundo meu próprio pai, quando ele ia voltando para casa depois de um passeio, imagino que nem eram 10 horas da noite ainda, sempre com um “cupincha”, vislumbravam uma fresta de luz debaixo da porta que logo era apagada quando ela percebia a chegada deles e ia fingir que já estava dormindo há horas. Gente! Isso foi nos idos anos 30 do século passado.
Mamãe então com toda humildade, reconheceu que tantas vezes ria e brincava com a sogra por ela ter vigiado o papai até depois de casado, por muitos e muitos anos. E desabafou: Sônia, como eu entendo minha sogra, hoje lembro e reverencio sua memória como uma boa e querida mãe, dedicada e carinhosa, como eu entendo Sônia...
E hoje, eu que reverencio minha mãe querida por saber reconhecer as atitudes de outra mãe, dando a ela toda consideração e respeito, bem merecidos.
Quando papai foi estar com Cristo, a gente nunca ficou um dia sequer sem falar nele, sem rir de certas atitudes e brincadeiras dele, agora a mamãe também está com Cristo e nossa saudade é dupla, mas muito alegre e agradecida á Deus, por tantas lembranças maravilhosas, a ELE, toda honra e toda a glória.
Deixo este versículo em homenagem a Senhora Paulina de Souza Moraes, nossa mãe querida. “Mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas.” – Provérbios 31.29.
Goiânia, l3 de abril de 11. Sônia.
Legenda e referencia pessoal:
Ipameri- GOIÁS, cidade do interior do estado;
Paulina de Souza Moraes – minha mãe;
Pérsio Pedroso de Moraes - meu pai;
Antônia Pedroso de Moraes – minha avó paterna;
Renato, Ronaldo e Pérsio Junior, meus irmãos;
Rua R6, nossa casa da família no S Oeste em Goiânia - Goiás;
BUTUCA- ficar vigiando;
CUPINCHA – um bom companheiro, um amigo e acompanhante;