Era uma manhã de terça-feira, os jovens internos do Centro Educacional já haviam levantado e tomado o café da manhã. Alguns iriam se dirigir para o campinho de futebol, uns para a aula
de capoeira e outros iriam ter a primeira aula de guitarra e teclado.
de capoeira e outros iriam ter a primeira aula de guitarra e teclado.
Como as aulas de música estavam começando a ser implantada no centro, Mariana, como administradora tinha a responsabilidade de verificar se a sala estava preparada para receber os instrutores, bem como se os instrumentos musicais estavam nas posições corretas, se a iluminação estava adequada e etc, se dirigindo assim até o local com as chaves na mão.
No centro de internação se andava assim, com molhos e molhos de chaves, pois todas as salas tinham proteção com grades, para que os menores não causassem vandalismo, alguns sentiam prazer em fazer isso.
Quando Mariana começou a abrir o primeiro cadeado, sentiu um braço contornar seu pescoço, da forma como alguns chamam; uma gravata. Imobilizada, tentou mover a cabeça para ver quem era o dono do braço, mas sentiu a ponta fria de algo pontiagudo na garganta. Aquilo a paralisou, e um frio intenso invadiu seu peito e se alojou no estomago.
Mariana respirou profundamente e se propôs, conscientemente e positivamente a manter a calma. Olhou de relance para a guarita mais próxima, onde ficava o policial de guarda, mas ele estava distraído, olhando para outro lado. Não sabia dizer por quanto tempo durou tudo aquilo. O adolescente não falava nada, apenas pressionava sua garganta com o objeto. Mariana percebeu que era muito alto e movimentando os olhos, conseguiu avistar no braço a tatuagem com o desenho de uma cabeça de serpente, o que fez com que identificasse autor daquela ação; Michel, apelido "badboy".
O rapaz tinha uma índole perigosíssima; homicídios, tráfico de droga, assalto e também já havia participado de uma rebelião no Centro o que fez com que fosse encaminhado à penitenciária do Estado, pelo fato de já ter 20 anos e ainda se encontrar em Medida Sócio Educativa por cumprimento dos atos infracionais enquanto menor.
Michel havia retornado ao Centro diante de uma determinação do Juizado da Infância e da Juventude, por entender que teria que terminar de cumprir a medida no Centro De Internação para Menores Infratores.
Mariana olhou novamente para a guarita com o policial ainda distraído e teve num átimo de pensamento a certeza de que se ela gritasse e se apavorasse chamando a tenção da segurança, ele não pensaria duas vezes em cravar o objeto em sua garganta. Com uma coragem que não sabia de onde veio, tocou o braço do infrator dando um leve aperto dizendo: - Michel, não faça isso, quer me matar do coração, é? – Ele ainda pressionou com força o objeto em seu pescoço mas em seguida ela sentiu Michel relaxar o aperto do braço. Com isso ela conseguiu se desvencilhar e completou: - Sabia que sou hipertensa? Se você me assusta assim, posso até enfartar e você depois vai ficar chorando em cima do meu caixão, não é? – Falou em tom de brincadeira para afastar a tensão do momento.
Michel somente olhou para Mariana e ainda calado, se afastou, e foi aí que ela viu o objeto; uma tesoura de barbeiro desprovida da outra metade.
Michel foi caminhando tranqüilo e de repente se voltou para Mariana dizendo: - Desculpe aí dona, tava apenas brincando - Depois disso virou de costa e saiu caminhando como se nada tivesse acontecido.
Mariana, com as pernas ainda tremulas, coração palpitante desistiu de verificar a sala de musica e passou a responsabilidade para um monitor, que deveria obrigatoriamente estar lhe acompanhando naquela tarefa e que foi relapso naquele sentido.
Ela se encaminhou ao corpo técnico de Assistentes Sociais e Psicólogos do Centro e relatou o ocorrido. Perguntaram se ela queria ir até a Delegacia registrar uma ocorrência, mas Mariana preferiu não fazer, pois Michel já tinha outro mandado de condução para a penitenciaria na semana seguinte. Mesmo assim ele foi chamado e inquirido sobre seu ato onde confessou que o que o levou a fazer aquilo era a vontade de mobilizar outra rebelião mas para isso ele queria um refém, de preferência do sexo feminino e o que o fez desistir de continuar com aquele objetivo, era porque ele estava sozinho, sem parceria, pois os outros internos não aceitaram que a vitima fosse Mariana, pela atenção e carinho com que sempre os tratou. Mas garantiu que se Mariana tivesse chamado atenção do policiamento do Centro a rebelião teria se concretizado e se tudo desse errado, ele não teria pensado duas vezes em acabar com ela, afirmando que “não teria mais nada a perder na vida”.
Apesar de não ser sua área de trabalho, já que sua atividade era a administração do Centro, sempre que podia, num momento ou em outro, Mariana conversava com os internos e ouvia suas histórias, suas mágoas, suas revoltas e sempre procurava tranqüilizá-los, ofertando motivação e esperança para uma melhora de vida.
Michel, vulgo "badboy", foi encaminhado finalmente para a penitenciaria estadual. Ele tinha uma história de vida triste, com uma mãe traficante e o pai que já se encontrava também na penitenciaria por homicídio. A última noticia que Mariana teve dele é que numa tentativa de fuga foi baleado por um policial e veio a óbito.
Mariana ficou triste, pois foi mais uma vida que não foi aproveitada, que se perdeu. Desde o berço, ele não teve nenhuma chance.
(O fato é verídico e os nomes são fictícios)
No centro de internação se andava assim, com molhos e molhos de chaves, pois todas as salas tinham proteção com grades, para que os menores não causassem vandalismo, alguns sentiam prazer em fazer isso.
Quando Mariana começou a abrir o primeiro cadeado, sentiu um braço contornar seu pescoço, da forma como alguns chamam; uma gravata. Imobilizada, tentou mover a cabeça para ver quem era o dono do braço, mas sentiu a ponta fria de algo pontiagudo na garganta. Aquilo a paralisou, e um frio intenso invadiu seu peito e se alojou no estomago.
Mariana respirou profundamente e se propôs, conscientemente e positivamente a manter a calma. Olhou de relance para a guarita mais próxima, onde ficava o policial de guarda, mas ele estava distraído, olhando para outro lado. Não sabia dizer por quanto tempo durou tudo aquilo. O adolescente não falava nada, apenas pressionava sua garganta com o objeto. Mariana percebeu que era muito alto e movimentando os olhos, conseguiu avistar no braço a tatuagem com o desenho de uma cabeça de serpente, o que fez com que identificasse autor daquela ação; Michel, apelido "badboy".
O rapaz tinha uma índole perigosíssima; homicídios, tráfico de droga, assalto e também já havia participado de uma rebelião no Centro o que fez com que fosse encaminhado à penitenciária do Estado, pelo fato de já ter 20 anos e ainda se encontrar em Medida Sócio Educativa por cumprimento dos atos infracionais enquanto menor.
Michel havia retornado ao Centro diante de uma determinação do Juizado da Infância e da Juventude, por entender que teria que terminar de cumprir a medida no Centro De Internação para Menores Infratores.
Mariana olhou novamente para a guarita com o policial ainda distraído e teve num átimo de pensamento a certeza de que se ela gritasse e se apavorasse chamando a tenção da segurança, ele não pensaria duas vezes em cravar o objeto em sua garganta. Com uma coragem que não sabia de onde veio, tocou o braço do infrator dando um leve aperto dizendo: - Michel, não faça isso, quer me matar do coração, é? – Ele ainda pressionou com força o objeto em seu pescoço mas em seguida ela sentiu Michel relaxar o aperto do braço. Com isso ela conseguiu se desvencilhar e completou: - Sabia que sou hipertensa? Se você me assusta assim, posso até enfartar e você depois vai ficar chorando em cima do meu caixão, não é? – Falou em tom de brincadeira para afastar a tensão do momento.
Michel somente olhou para Mariana e ainda calado, se afastou, e foi aí que ela viu o objeto; uma tesoura de barbeiro desprovida da outra metade.
Michel foi caminhando tranqüilo e de repente se voltou para Mariana dizendo: - Desculpe aí dona, tava apenas brincando - Depois disso virou de costa e saiu caminhando como se nada tivesse acontecido.
Mariana, com as pernas ainda tremulas, coração palpitante desistiu de verificar a sala de musica e passou a responsabilidade para um monitor, que deveria obrigatoriamente estar lhe acompanhando naquela tarefa e que foi relapso naquele sentido.
Ela se encaminhou ao corpo técnico de Assistentes Sociais e Psicólogos do Centro e relatou o ocorrido. Perguntaram se ela queria ir até a Delegacia registrar uma ocorrência, mas Mariana preferiu não fazer, pois Michel já tinha outro mandado de condução para a penitenciaria na semana seguinte. Mesmo assim ele foi chamado e inquirido sobre seu ato onde confessou que o que o levou a fazer aquilo era a vontade de mobilizar outra rebelião mas para isso ele queria um refém, de preferência do sexo feminino e o que o fez desistir de continuar com aquele objetivo, era porque ele estava sozinho, sem parceria, pois os outros internos não aceitaram que a vitima fosse Mariana, pela atenção e carinho com que sempre os tratou. Mas garantiu que se Mariana tivesse chamado atenção do policiamento do Centro a rebelião teria se concretizado e se tudo desse errado, ele não teria pensado duas vezes em acabar com ela, afirmando que “não teria mais nada a perder na vida”.
Apesar de não ser sua área de trabalho, já que sua atividade era a administração do Centro, sempre que podia, num momento ou em outro, Mariana conversava com os internos e ouvia suas histórias, suas mágoas, suas revoltas e sempre procurava tranqüilizá-los, ofertando motivação e esperança para uma melhora de vida.
Michel, vulgo "badboy", foi encaminhado finalmente para a penitenciaria estadual. Ele tinha uma história de vida triste, com uma mãe traficante e o pai que já se encontrava também na penitenciaria por homicídio. A última noticia que Mariana teve dele é que numa tentativa de fuga foi baleado por um policial e veio a óbito.
Mariana ficou triste, pois foi mais uma vida que não foi aproveitada, que se perdeu. Desde o berço, ele não teve nenhuma chance.
(O fato é verídico e os nomes são fictícios)