COITADINHO DO MEU FILHO

Nasceu o reizinho da casa. Loirinho, coisa mais linda. Como ele é lindo, xuxu, amor da vida dos papais. Andava pra lá e pra cá. Observado, mimado, adulado por todos. A vô olha: cuidado menino. Caiu na piscina. A mãe olha: cuidado meu amor. Quebrou o nariz. - Olha o onibus !! Pah.

Nada sofreu, nada mudou. Cresceu.

16 anos, cheio de pompa, hormônios aguçados. Era o terror da pequena cidade. Toda menina gostava. Corpos em transe, amor gratuito. Bebia, fumava, batia o carro e a mãe zelosa e cega sempre dizia: - coitadinho do meu filho.

Anos passam, os vintes anos chegam. Cobranças, trabalhos, empregos, nada.. nada acontece. Foge pelas ruas da cidade, se esconde, mente para si mesmo. Todos olham para ele, passam a mão em sua cabeça e sempre dizem: - coitadinho.

30 anos, homem feito. Quase feito. Não feito. Continua a perambular pelas ruas, sem saber o que quer. A idade chega, a saúde vai embora, a cabeça a mesma de quando pequeno.

A mãe amada sempre dizendo: Coitadinho do meu filho.