A Face Triste do Tempo - In Contos e Cantos do dia e da noite

De madrugadamente, lá estava ele frente à janela a contemplar o clima e o passante tempo cá fora.Ainda escuro,vazia as ruas quietas e molhadas,pois que chuvinha triste persistia; parecia mais alguém a chorar que apenasmente chuvinha.

As lágrimas,naquele amanhecer,rolavam da face do tempo e como num

suspiro: frio e forte e intenso gemia o vento sempre constante.

Era madrugada.E ele já indeciso,pois o olhar para a querida amada esposa ainda na cama,convidava-o de volta ao seu conjugal. Ah,querida, se soubesses o quanto a ti amo-te,compreender-me-ia o instante de hesitação.A vontade é grande de aconchegar-me ao teu corpo.Amá-la como dantes nunca amei.Porém,lembram-me as coisas em casa despidas dos desejos,sonhos,ideais teus,que devo lutar,enquanto viver para fazê-la feliz.

Isto o decidiu.E correndo quase,dirigiu-se à cozinha para tomar um café,mas um rápido olhar no relógio dizia que ele devia apressar-se.Saiu.A esta hora da madrugada,muitos saem do subúrbio em direção ao centro da cidade,onde trabalham.O ônibus está cheio.O tempo triste ainda chora.O asfalto úmido,escorregadio...

A esposa, em casa,acordara e, como de costume, ouvia o noticiário dizendo que um ônibus pela manhã sofrera terrível acidente,havendo mortos entre os feridos.O primeiro nome da lista obituária era de Joaquim Silvério dos Reis...Seu esposo.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 24/07/2012
Reeditado em 08/11/2012
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