A Face Triste do Tempo - In Contos e Cantos do dia e da noite
De madrugadamente, lá estava ele frente à janela a contemplar o clima e o passante tempo cá fora.Ainda escuro,vazia as ruas quietas e molhadas,pois que chuvinha triste persistia; parecia mais alguém a chorar que apenasmente chuvinha.
As lágrimas,naquele amanhecer,rolavam da face do tempo e como num
suspiro: frio e forte e intenso gemia o vento sempre constante.
Era madrugada.E ele já indeciso,pois o olhar para a querida amada esposa ainda na cama,convidava-o de volta ao seu conjugal. Ah,querida, se soubesses o quanto a ti amo-te,compreender-me-ia o instante de hesitação.A vontade é grande de aconchegar-me ao teu corpo.Amá-la como dantes nunca amei.Porém,lembram-me as coisas em casa despidas dos desejos,sonhos,ideais teus,que devo lutar,enquanto viver para fazê-la feliz.
Isto o decidiu.E correndo quase,dirigiu-se à cozinha para tomar um café,mas um rápido olhar no relógio dizia que ele devia apressar-se.Saiu.A esta hora da madrugada,muitos saem do subúrbio em direção ao centro da cidade,onde trabalham.O ônibus está cheio.O tempo triste ainda chora.O asfalto úmido,escorregadio...
A esposa, em casa,acordara e, como de costume, ouvia o noticiário dizendo que um ônibus pela manhã sofrera terrível acidente,havendo mortos entre os feridos.O primeiro nome da lista obituária era de Joaquim Silvério dos Reis...Seu esposo.