BENDITAS CARTAS!
Antes de toda esta modernidade, da era da informática, quando havia apenas TELEX, FAX, TELEGRAMA E AS BENDITAS CARTAS, carta registrada, carta simples, AR e bem, vamos concordar que era BACANA, quem nunca se sentiu feliz ou infeliz ao receber uma carta? Quantos amores, amizades tiveram um final por carta, creio que meus leitores já passaram por uma situação parecida, e as tristes notícias ... ih!! Conheço pessoas que não podiam ver nem o carteiro aproximando na sua rua que já amarelavam.
Não é o caso, quem leu meu perfil sabe que as minhas inspirações, quase todas, vem da minha mania de escrever as “benditas” cartas. Na minha época era muito comum namorar por carta, quando a gente conhecia alguém que mexia com nossos sentimentos e que morava em outra cidade ou partia para outro destino deixando uma saudade imensa ou um caso interrompido, o jeito era recorrer a elas, as benditas cartas, e sempre os namoros duravam até anos a fio e, imagine os casais eram fiéis, acho que sim, prefiro pensar assim, estou julgando por mim, mas tenho amigas e colegas de escola que ficavam firmes até dar certo ou não.
Como fui interna em Colégios para prosseguir os estudos, aí que as minhas companheiras, digo, as cartas, passaram a ficar mais importantes ainda, era um tal de lembrar de parentes distantes e amigos que já estavam até esquecidos no fundo do baú, o negócio era escrever para receber resposta. Era uma alegria quando na hora do descanso no internato, a mensageira vinha com as mãos abarrotadas de cartas lendo nome por nome das destinatárias. Gente! Eu era campeã, era rara a vez que eu ficava de fora, mas com razão eu não podia ter um tempinho que lá estava eu correndo atrás de papel e caneta.
A minha fama de “escrevinhadora” de cartas corria longe e, as meninas menos poéticas, menos sonhadoras faziam fila para consultar comigo na hora do recreio, para ter ideias de como escrever para os namorados. Eu tinha que ler as cartas recebidas por elas pois senão como ficaria por dentro dos assuntos, e, numa destas ciladas da vida, fiquei gostando de ler uma carta em especial. O namorado da menina começou a elogiar as cartas “DELA”, passou a admira-la mais e eu passei a gostar de ler as respostas achando que era para mim! Olha que enrascada!! Felizmente o ano letivo terminou e cada uma das alunas foi para suas cidades passar as férias e o tempo se encarregou de por uma pedra em cima.
O tempo passou, a vida seguiu seu curso, mas nunca me esqueci de como foi bom participar de tantos sonhos e alegrias. Continuei a escrever cartas, mas confesso que bem menos, teve um período que já nem escrevi mais. O telefone foi chegando de mansinho, fazer interurbano antes muito difícil, começou a ficar mais acessível e a demorar menos tempo para se conseguir uma ligação, mas como já tive oportunidade de dizer, minhas queridas tias e minha avó Antônia sempre conservaram este hábito, e é com muita emoção e saudade que termino este relato agradecendo á Deus por ter participado de anos tão maravilhosos.
Goiânia, 22 de julho de 2012. Sônia.
Para meditar:
“Bem aventurados os retos em seus caminhos, que andam na Lei do Senhor” salmo 119 vcs 1.