Sossego Inquieto - In Céu de Inverno.

A tarde cai.

Cai em mim derramando o olhar intenso e nublado,que encobre no fundo a alma encolhida em tristeza. Cobre-me o corpo de um véu cinza e apagado; o vento de ar frio e gelado e mole e preguiçoso e gordo pesa-me nos ossos,curvando-me ao céu de inverno,arrastando-me ao mais profundo abismo de um dia sem alma.

A janela de olhos abertos contempla a tristeza corpórea das ruas; as curvas virgens à espera da vida cotidiana; os postes de luzes acesas à espreita; o bar vazio,expectante de boca aberta e faminta,ansiando a costumeira refeição freguês; os pontos de ônibus solitários gemem num silvo de assovio de vento que passa apressado.O ônibus irreal, inexistente,feito de brumas é uma espera glacial.

Calei os pensamentos.

Aquietei-me.Molemente anoiteci.Anoiteceu..

Postes-luzes acordaram e a noite desabou sobre mim.Dormi ??

Julgo que sonhei...ou...vivi??

Mas, por que as sombras sobre mim ??

Sonhei...vivi porque pensei...

Ou pensei,por isso sonhei,vivi ?

Lá fora é vida.

Cá a janela insone.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 19/07/2012
Reeditado em 14/11/2012
Código do texto: T3786469
Classificação de conteúdo: seguro