Sossego Inquieto - In Céu de Inverno.
A tarde cai.
Cai em mim derramando o olhar intenso e nublado,que encobre no fundo a alma encolhida em tristeza. Cobre-me o corpo de um véu cinza e apagado; o vento de ar frio e gelado e mole e preguiçoso e gordo pesa-me nos ossos,curvando-me ao céu de inverno,arrastando-me ao mais profundo abismo de um dia sem alma.
A janela de olhos abertos contempla a tristeza corpórea das ruas; as curvas virgens à espera da vida cotidiana; os postes de luzes acesas à espreita; o bar vazio,expectante de boca aberta e faminta,ansiando a costumeira refeição freguês; os pontos de ônibus solitários gemem num silvo de assovio de vento que passa apressado.O ônibus irreal, inexistente,feito de brumas é uma espera glacial.
Calei os pensamentos.
Aquietei-me.Molemente anoiteci.Anoiteceu..
Postes-luzes acordaram e a noite desabou sobre mim.Dormi ??
Julgo que sonhei...ou...vivi??
Mas, por que as sombras sobre mim ??
Sonhei...vivi porque pensei...
Ou pensei,por isso sonhei,vivi ?
Lá fora é vida.
Cá a janela insone.