Buraco imperfeito – primeira experiência sexual
Aos 14 anos eu pouco sabia sobre sexo. Era tabu, os pais, cheios de preconceitos e pudores, não ensinavam nada. Muito do que aprendia vinha dos amigos mais velhos, mesmo assim era pouca coisa, pois eles também não tinham as informações corretas. Assim, sem informação, muitos dos adolescentes que viveram no final da última década dos anos 50 e primeiros anos da década de 60 do século XX, vivenciaram sua sexualidade desabrochar, como uma questão biológica, sem a consciência ainda do que se trata. Naquela época éramos mais inocentes, usávamos calças curtas até a idade dos 12-14 anos.
Os papeis femininos e masculinos continuavam marcando a existência de uma forte distinção moral sexual, herança do século IX. Com relação ao namoro, casamento e virgindade, as jovens eram classificadas em moças de família e moças levianas. Sobre o casamento, a moça deveria ter comportamento exemplar, ser virgem, para ser considerada de família e não leviana. Namorar era sob vigilância. As fantasias sexuais, imagens eróticas de relação sexual e o auto-erotismo, pela manipulação dos órgãos sexuais tomavam lugar mais intensamente, práticas iniciadas já na infância.
A forma de aumentar o envolvimento sexual, para testar as novas capacidades e reações frente a sensações desconhecidas, que hoje são buscadas entre as namoradas ou amigas, se tinha as empregadas domésticas, sempre jovens vindas do interior, também sem experiência sexual alguma.
Minha primeira experiência sexual não foi com uma jovem, embora empregada doméstica. Uma senhora de mais de 55 anos, coisa de assustar os adolescentes de hoje. Entretanto, era o jeito, as garotas de boa família não davam chance.
Esta senhora vivia se esfregando em mim. Suas pulsões libidinosas buscavam o prazer que ela não recebia de um marido ou homem que convivesse com ela. Ela era só. Meu corpo pegava fogo e eu experimentava pela primeira vez a ereção peniana frente a uma mulher. Nesses encontros fortuitos não havia troca de afetividade, mas o desejo da concretização do ato sexual era sempre lembrado pela velha senhora. Eu não sabia o que fazer, sempre escapava quando percebia que não aguentaria segurar a explosão que estava prestes a acontecer dentro de mim. Tinha medo de ejacular e ser descoberto por alguém de casa, principalmente minha mãe.
Por outro lado eu também estimulava esses encontros, procurando ficar perto dela quando sozinha. Na cozinha, no quarto dela quando passava ferro nas roupas da casa. Eles eram curtos e eu sempre saia com aquela estranha sensação de que faltava alguma coisa, o remédio era a masturbação. Depois vinha o arrependimento de ter pecado, conflito que povoava minha mente sobre o bem ou o mal, o puro ou o impuro, o certo ou o errado. Preceitos religiosos que eu tentava guardar por ser católico e participar de uma congregação de jovens católicos. A concupiscência da carne é considerada um pecado
Em uma noite de São João, ninguém em casa, somente eu e a velha senhora. Ela me convidou para o seu quarto, o último da casa. Fui sem hesitar, pois aguardava esse momento com expectativa. Ela me puxou para dentro de sua rede de dormir, já sem roupa, e me fez deitar por cima dela.
Nunca tinha visto uma mulher nua, nem mesmo por fotografia. O que conhecia do aparelho sexual feminino eram os desenhos feitos nas paredes dos banheiros masculinos do colégio e nos muros da cidade. Um triângulo e um risco bem ao centro desse triângulo.
Por diversas vezes tentei colocar meu pênis no local que as lembranças dessas figuram me indicavam, sem obter sucesso. A velha senhora, na afobação, não conseguia ajudar e tampouco a rede, que balançava muito aos movimentos vigorosos que ela fazia.
Assim foi a minha primeira experiência sexual. Fiquei um tanto perturbado, mas acrescento que isso não me trouxe trauma nenhum.