DO OUTRO LADO DA RUA (5)– PILÃO DE CAFÉ
Estou de volta àquela velha casa de fundos do doutro lado da rua.
Vou entrando sem bater, pois já me disse a boa velhinha que a casa é minha.
Dona Chiquinha encontra-se à beira do fogão de lenha, como sempre fritando seus bolinhos de chuva, embora não esteja chovendo. Após os cumprimentos habituais me sento junto àquela mesa que por tantas vezes tomei o cafézinho fresquinho e gostoso. Olho em volta para observar seus pertences rústicos e me deparo com um pilão daqueles antigos de socar milho, mandioca, café, etc. Pergunto-lhe se o utilizou muito quando vivia no engenho, me explicando a boa velhinha que diariamente era usado por ela, para socar o café torrado, porque naquela época não existia na fazenda o moedor de café. Mostra-me em sua mão direita um buraco fundo quase na altura do polegar, onde o mesmo não tem movimentos, explicando que fora ocasionado pela constante socagem do café, durante anos e anos.
Conta que seu pai era muito rígido com os filhos e cada qual tinha sua obrigação nos afazeres domésticos e cabia à ela aquela tarefa diária, inclusive não só de socar o café mas também de torrar o mesmo, no forno de carvão que existia no fundo do quintal, ficava horas e horas ali remexendo o café para não passar do ponto ou mesmo queimar. Certo dia, ainda menina, estava a remexer o café naquele movimento constante e cansativo, quando sem perceber cochilou e o café queimou, não ouve dúvidas, levou uma surra das mais dolorosas com vara de marmelo e teve que torrar novamente outro forno de café.
E mais uma vez, tomando aquele cafézinho fresco com bolinhos de chuva da boa velhinha, ela arremata assim o papo gostoso: ____A vida era anssim memo fia, pai era brabo pur dimais, num pudia vacilá sinão levava sóva.
Me despeço com um abraço e um beijo em suas faces rosadas, prometendo voltar outro dia à casa da boa velhinha, do outro lado da rua.
Estou de volta àquela velha casa de fundos do doutro lado da rua.
Vou entrando sem bater, pois já me disse a boa velhinha que a casa é minha.
Dona Chiquinha encontra-se à beira do fogão de lenha, como sempre fritando seus bolinhos de chuva, embora não esteja chovendo. Após os cumprimentos habituais me sento junto àquela mesa que por tantas vezes tomei o cafézinho fresquinho e gostoso. Olho em volta para observar seus pertences rústicos e me deparo com um pilão daqueles antigos de socar milho, mandioca, café, etc. Pergunto-lhe se o utilizou muito quando vivia no engenho, me explicando a boa velhinha que diariamente era usado por ela, para socar o café torrado, porque naquela época não existia na fazenda o moedor de café. Mostra-me em sua mão direita um buraco fundo quase na altura do polegar, onde o mesmo não tem movimentos, explicando que fora ocasionado pela constante socagem do café, durante anos e anos.
Conta que seu pai era muito rígido com os filhos e cada qual tinha sua obrigação nos afazeres domésticos e cabia à ela aquela tarefa diária, inclusive não só de socar o café mas também de torrar o mesmo, no forno de carvão que existia no fundo do quintal, ficava horas e horas ali remexendo o café para não passar do ponto ou mesmo queimar. Certo dia, ainda menina, estava a remexer o café naquele movimento constante e cansativo, quando sem perceber cochilou e o café queimou, não ouve dúvidas, levou uma surra das mais dolorosas com vara de marmelo e teve que torrar novamente outro forno de café.
E mais uma vez, tomando aquele cafézinho fresco com bolinhos de chuva da boa velhinha, ela arremata assim o papo gostoso: ____A vida era anssim memo fia, pai era brabo pur dimais, num pudia vacilá sinão levava sóva.
Me despeço com um abraço e um beijo em suas faces rosadas, prometendo voltar outro dia à casa da boa velhinha, do outro lado da rua.