A BENÇÃO DOS RAMOS
Todos os anos era a mesma coisa, no sábado véspera do domingo de ramos, meu pai que era o capataz dos carroceiros da Fazenda São Paulo em Presidente Alves/SP, já sabia o que tinha que fazer.
Logo de madrugada me acordava, tomávamos café e rapidamente íamos para a sede da fazenda, no rancho das carroças e mangueira dos burros que era toda cercada de ripões de madeira e o rancho também de madeira coberto com telhas de barro e havia como divisões que eram marcadas pelos esteios que sustentavam o telhado, ficando como uma garagem para as carroças que eram seis.
Íamos a pé mesmo, num pasto para a tropa de serviço logo abaixo da mangueira, muitos animais de manhã ficavam ali por perto, meu pai que conhecia todos os burros, logo tocava alguns deles para dentro da mangueira e separava os quatro que íamos precisar para formar as parelhas certas e os demais soltávamos novamente para o pasto, dávamos uma porção de milho para os escolhidos e logo após, meu pai os atrelava a carroça.
A essa altura depois de tudo pronto já era aproximadamente 06h30, então saíamos e passávamos na nossa casa na colônia para pegar o almoço que minha mãe já havia preparado e um garrafão de água. Aí tocávamos para o mato que ficava longe, fazia divisa com outra fazenda, aproximadamente uma hora de jornada, logo que saía da colônia tinha um pequeno rio e passávamos numa ponte feita com grandes toras de eucaliptos colocadas bem juntas atravessando o rio e cruzadas com outras madeiras cobertas com terra para que os animais não tivessem medo de passar, nas laterais tinha o que chamávamos de guarda uma espécie de corrimão dos dois lados.
Subíamos numa estrada entre as pastagens e logo mais adiante entrávamos por entre os cafezais e antes de chegar, passávamos por uma area entre a lavoura de café e o mato, que chamávamos de aceiro, era destinada ao cultivo de milho, feijão e em alguns lugares arroz.
Meu pai escolhia um local pois a mata era grande, parava a carroça onde não havia plantação para que os burros não estragassem, eles ficavam ali pastando e nós entravamos no mato.
Naquele tempo mesmo não havendo leis ambientais como atualmente, já tinha um costume entre os moradores das fazendas de não cortar coqueiros ou palmeiras, então meu pai com uma foice ia até as palmeiras e tirava apenas as folhas, uma ou duas por árvore, por isso a tarefa tornava-se mais demorada, pois para encher a carroça era necessário passar por muitas arvores, mas havia muitas e não precisava andar muito para encontrá-las.
O mais trabalhoso era retirar as folhas do mato, uma vez colhidas as folhas, normalmente já era hora de almoçar já que na roça o pessoal almoçava cedo.
Então almoçávamos, descansávamos um pouco e depois começava a segunda parte do trabalho que era carregar a carroça bem cheia, amarrar com uma corda para que não caísse e pegar o caminho de volta.
Passar novamente pela colônia, pela sede na fazenda e o destino das folhas de palmeiras era a igreja Matriz de Santa Cecília na cidade, onde o padre as colocava em vários locais fazendo uma decoração muito bonita.
No domingo de ramos logo cedo o povo da fazenda ia quase todos para a missa, a cidade era perto, coisa de meia hora de caminhada num trilho no pasto e um trecho de estrada de chão. Algumas mulheres tiravam os sapatos, pela dificuldade de andar as vezes com salto e para não sujar, chegando na entrada da cidade limpava bem os pés e os calçava novamente.
A igreja ficava cheia, gente da cidade das fazendas quase todos com ramos nas mãos.
Algumas mulheres faziam tranças nos ramos que ficava como palmas. Não tinha só palmeiras mas também arruda, alecrim etc... A igreja ficava com forte cheiro de plantas variadas. No final da missa o padre distribuía aquelas folhas já abençoadas que enfeitavam a igreja, para os fieis.
Eu era criança e participava desta celebração, todos os anos junto com minha família.
Até hoje quando sinto cheiro dessas plantas lembro imediatamente da benção dos ramos.
Logo de madrugada me acordava, tomávamos café e rapidamente íamos para a sede da fazenda, no rancho das carroças e mangueira dos burros que era toda cercada de ripões de madeira e o rancho também de madeira coberto com telhas de barro e havia como divisões que eram marcadas pelos esteios que sustentavam o telhado, ficando como uma garagem para as carroças que eram seis.
Íamos a pé mesmo, num pasto para a tropa de serviço logo abaixo da mangueira, muitos animais de manhã ficavam ali por perto, meu pai que conhecia todos os burros, logo tocava alguns deles para dentro da mangueira e separava os quatro que íamos precisar para formar as parelhas certas e os demais soltávamos novamente para o pasto, dávamos uma porção de milho para os escolhidos e logo após, meu pai os atrelava a carroça.
A essa altura depois de tudo pronto já era aproximadamente 06h30, então saíamos e passávamos na nossa casa na colônia para pegar o almoço que minha mãe já havia preparado e um garrafão de água. Aí tocávamos para o mato que ficava longe, fazia divisa com outra fazenda, aproximadamente uma hora de jornada, logo que saía da colônia tinha um pequeno rio e passávamos numa ponte feita com grandes toras de eucaliptos colocadas bem juntas atravessando o rio e cruzadas com outras madeiras cobertas com terra para que os animais não tivessem medo de passar, nas laterais tinha o que chamávamos de guarda uma espécie de corrimão dos dois lados.
Subíamos numa estrada entre as pastagens e logo mais adiante entrávamos por entre os cafezais e antes de chegar, passávamos por uma area entre a lavoura de café e o mato, que chamávamos de aceiro, era destinada ao cultivo de milho, feijão e em alguns lugares arroz.
Meu pai escolhia um local pois a mata era grande, parava a carroça onde não havia plantação para que os burros não estragassem, eles ficavam ali pastando e nós entravamos no mato.
Naquele tempo mesmo não havendo leis ambientais como atualmente, já tinha um costume entre os moradores das fazendas de não cortar coqueiros ou palmeiras, então meu pai com uma foice ia até as palmeiras e tirava apenas as folhas, uma ou duas por árvore, por isso a tarefa tornava-se mais demorada, pois para encher a carroça era necessário passar por muitas arvores, mas havia muitas e não precisava andar muito para encontrá-las.
O mais trabalhoso era retirar as folhas do mato, uma vez colhidas as folhas, normalmente já era hora de almoçar já que na roça o pessoal almoçava cedo.
Então almoçávamos, descansávamos um pouco e depois começava a segunda parte do trabalho que era carregar a carroça bem cheia, amarrar com uma corda para que não caísse e pegar o caminho de volta.
Passar novamente pela colônia, pela sede na fazenda e o destino das folhas de palmeiras era a igreja Matriz de Santa Cecília na cidade, onde o padre as colocava em vários locais fazendo uma decoração muito bonita.
No domingo de ramos logo cedo o povo da fazenda ia quase todos para a missa, a cidade era perto, coisa de meia hora de caminhada num trilho no pasto e um trecho de estrada de chão. Algumas mulheres tiravam os sapatos, pela dificuldade de andar as vezes com salto e para não sujar, chegando na entrada da cidade limpava bem os pés e os calçava novamente.
A igreja ficava cheia, gente da cidade das fazendas quase todos com ramos nas mãos.
Algumas mulheres faziam tranças nos ramos que ficava como palmas. Não tinha só palmeiras mas também arruda, alecrim etc... A igreja ficava com forte cheiro de plantas variadas. No final da missa o padre distribuía aquelas folhas já abençoadas que enfeitavam a igreja, para os fieis.
Eu era criança e participava desta celebração, todos os anos junto com minha família.
Até hoje quando sinto cheiro dessas plantas lembro imediatamente da benção dos ramos.