A ESPERA DE UM MILAGRE
Às vezes questiono minha fé e minha crença, mas peço perdão a Deus, porque sou humana e tenho minhas fraquezas assim como todo mundo.
Senti o mundo ruir aos meus pés quando recebi aquela triste notícia, uma notícia que mudaria para sempre a vida de toda minha família. Era uma segunda feira, cinco de março de 2012. Hoje passados quatro meses de espera, orações e tristeza a notícia chegou ainda pior que a primeira. Todo este tempo, pedi tanto a Deus pelo meu irmão, implorei, orei, conversei com ELE implorando que nos desse forças para suportar o insuportável.
Volto no tempo e me lembro do nascimento do meu irmão, único menino entre os seis filhos que meus pais criaram. Meu pai queria tanto um menino que minha mãe fez promessa para que viesse um menino, e ele veio, lindo e saudável. Sou a terceira filha dos seis e quando ele nasceu eu tinha seis anos de idade. Foi uma benção. Ele era lindo, loirinho e olhos esverdeados, seu cabelo era tão claro que brilhava a luz do sol. Pra mim foi a maior alegria quando minha mãe chegou do hospital com ele nos braços, eu o amei desde o primeiro instante que o vi e quando o peguei no colo, eu já sabia que nosso amor seria para sempre. Ele era o meu bebê.
Foi no meu colo que ele aprendeu a falar as primeiras palavras, a andar e a brincar. Morávamos na fazenda, e nossas brincadeiras eram aquelas simples que todo aquele que cresceu em fazenda conhece, ele era arteiro que só. Colhíamos frutos nas árvores, pescávamos no rio que corria pertinho de casa, brincávamos de pique esconde e assim por diante. Recordo-me até hoje das artes que ele fazia e eu sempre passava a mão na cabeça dele para que meu pai, sempre muito bravo e enérgico conosco não batesse nele, mas nem sempre eu conseguia livrá-lo. Ele foi crescendo e cada dia mais arteiro, porém querido demais.
Com um pequeno pedaço de corda, ele amarrava um cavalo muito manso que um vizinho nosso tinha e montava em cima do pobre do bicho, sem forração nenhuma e passeava com ele por todo pasto e nós, parecíamos loucas correndo atrás dele de medo que caísse do cavalo, e se machucasse.
Meu pai tinha uma criação de porcos no nosso quintal, que engordava pra vender na cidade, e certa vez, nos descuidamos dele um pouquinho e foi o que bastou pra ele fazer a maior de todas as artes até então. Ele pegou uma faquinha de cozinha, mas que tinha corte afiado e lá fora os porcos dormiam, gordos demais para caminhar naquele sol que queimava, e lá ele foi e passou a faca nas costas do porco. Quando vimos a gordura do porco escorria sobre a pele, devido ao sol estar muito quente. Meu pai ficou uma fera, porque teve que matar e vender o bendito porco antes da hora, porque se deixasse daquele jeito perderia o bendito porco, ou seja, teve que deixar seus afazeres daquele dia, pra matar o porco e ir vender na cidade. Meu irmão correu e se escondeu, meu pai queria de toda maneira dar-lhe uma surra, mas eu, mais uma vez consegui fazer com que ele não apanhasse. Depois dele nasceram minhas outras duas irmãs, e assim ele ficou sendo o bendito o fruto entre as mulheres, e ele sempre foi mesmo sempre bendito.
Sempre fomos muito unidos, todos nós, e meu carinho por ele, cada dia crescia mais, e assim, quando eu já era mocinha, mudamos pra cidade e eu continuei cuidando dele, ajudando nas tarefas da escola, bem como as minhas duas irmãs menores.
Eu estudava e trabalhava, mas nunca descuidava dele e tudo que acontecia fosse na escola ou na rua, era comigo que ele conversava e se aconselhava.
Quando ele fez dezessete anos consegui o seu primeiro emprego num banco da cidade, pois eu trabalhava no mesmo banco numa cidade vizinha, assim tornou-se mais fácil ajudar-lo mais uma vez... e daí em diante ele seguiu seu rumo, se casou, tornou-se pai de um lindo menino,e continuou sempre trabalhando muito e crescendo na vida, e até hoje é comigo que ele sempre conta, nos momentos de conversar seja de que assunto for.
Meu irmão é uma pessoa doce, querida e muito carismática, tira a própria roupa do corpo se preciso for para ajudar quem precisa.
Hoje choro por ele, e sinto-me impotente por não poder fazer nada por ele, apenas rezar e pedir a Deus que tome conta dele pra mim.
Minha cabeça dói, meus olhos não tem mais onde inchar de tanto que já chorei. Uma tristeza imensa invade meu peito, e só mesmo Deus pra saber quando é que ela vai se afastar de mim. Eu vivo separada de todos eles por quilômetros a fio, nos falamos sempre por telefone, e pelo menos uma vez ou duas vezes ao ano, eu os visito, ou eles me visitam, e coube a eu dar a triste notícia a minha mãe nas duas vezes do ocorrido. A primeira vez em março deste ano, eu estava na casa da minha mãe, quando veio a triste notícia. Reuni minhas irmãs pra dar a notícia a minha mãe e fui eu a portadora de tamanha tristeza. Poupamos meu pai, que está sofrendo de mal de Alzheimer, mas, um tempo depois coube também a mim, dizer a ele sobre o sofrimento do meu irmão. E mais uma vez foi muito triste, porque eu já me encontrava na minha casa, longe dele, e foi pela frieza de um telefonema que o fiz, mas não havia outro jeito.
Minha mãe é uma mulher forte, porém muito sofrida. Sempre trabalhou muito de sol a sol na labuta da terra, sempre ao lado do meu pai para ajudar a nos criar. Sempre tive um relacionamento maravilhoso com minha querida mãe. Ela é uma santa. Sempre nos protegeu das surras do meu pai, que por preocupação e ignorância, na simplicidade em que vivia, nos trazia de cabo curto, como ele dizia. Fomos criados naquele sistema que ele apenas nos olhava e com isso a gente já sabia o que ele queria dizer. Não o culpo. Nada conheceu da vida, a não ser trabalho e mais trabalho e assim minha mãe sempre lutou ao lado dele, sempre na esperança de ter um filho homem que o ajudasse no trabalho, uma vez que conforme ele mesmo dizia, toda vez que minha mãe engravidava só vinha mulher, e meu irmão veio e sempre foi muito carinhoso e cuidadoso conosco.
Não me lembro de ter tido nem uma pequena discussão com minha mãe. Sempre fui sua confidente e por isso mesmo, minhas irmãs pediram que fosse eu a lhe dizer tal infortúnio. E foi com muito jeito e cuidado que o fiz, e agora passados quatros meses na espera de uma notícia boa, ela veio ainda pior que a primeira, e eu não estando presente, tive que fazê-lo por telefone, o que tornou ainda mais dolorido, porque não tinha como eu abraçá-la e confortá-la como da primeira vez. Juntei todas as forças do fundo da minha alma para passar segurança na minha voz. Por dentro estava e ainda estou um caco, mas não posso de maneira nenhuma passar isso a ela, então procurei tranqüilizá-la dizendo a ela que tudo vai dar certo, que ela mantenha sua fé inabalável em Deus e em Nossa Senhora. Senti a voz dela embargada pelo sofrimento, mas senti que ambas nos protegiam-nos, eu dizendo que tudo ia ficar bem e ela fingindo que acreditava em mim.
Hoje todos sofremos, e nada depende de nós, a não ser orar por ele e por nós para que possamos suportar esta turbulência em nossa vida, porque só mesmo Deus em sua infinita bondade, pode tocar o meu irmão e aliviar o sofrimento dele e também o nosso!
Às vezes questiono minha fé e minha crença, mas peço perdão a Deus, porque sou humana e tenho minhas fraquezas assim como todo mundo.
Senti o mundo ruir aos meus pés quando recebi aquela triste notícia, uma notícia que mudaria para sempre a vida de toda minha família. Era uma segunda feira, cinco de março de 2012. Hoje passados quatro meses de espera, orações e tristeza a notícia chegou ainda pior que a primeira. Todo este tempo, pedi tanto a Deus pelo meu irmão, implorei, orei, conversei com ELE implorando que nos desse forças para suportar o insuportável.
Volto no tempo e me lembro do nascimento do meu irmão, único menino entre os seis filhos que meus pais criaram. Meu pai queria tanto um menino que minha mãe fez promessa para que viesse um menino, e ele veio, lindo e saudável. Sou a terceira filha dos seis e quando ele nasceu eu tinha seis anos de idade. Foi uma benção. Ele era lindo, loirinho e olhos esverdeados, seu cabelo era tão claro que brilhava a luz do sol. Pra mim foi a maior alegria quando minha mãe chegou do hospital com ele nos braços, eu o amei desde o primeiro instante que o vi e quando o peguei no colo, eu já sabia que nosso amor seria para sempre. Ele era o meu bebê.
Foi no meu colo que ele aprendeu a falar as primeiras palavras, a andar e a brincar. Morávamos na fazenda, e nossas brincadeiras eram aquelas simples que todo aquele que cresceu em fazenda conhece, ele era arteiro que só. Colhíamos frutos nas árvores, pescávamos no rio que corria pertinho de casa, brincávamos de pique esconde e assim por diante. Recordo-me até hoje das artes que ele fazia e eu sempre passava a mão na cabeça dele para que meu pai, sempre muito bravo e enérgico conosco não batesse nele, mas nem sempre eu conseguia livrá-lo. Ele foi crescendo e cada dia mais arteiro, porém querido demais.
Com um pequeno pedaço de corda, ele amarrava um cavalo muito manso que um vizinho nosso tinha e montava em cima do pobre do bicho, sem forração nenhuma e passeava com ele por todo pasto e nós, parecíamos loucas correndo atrás dele de medo que caísse do cavalo, e se machucasse.
Meu pai tinha uma criação de porcos no nosso quintal, que engordava pra vender na cidade, e certa vez, nos descuidamos dele um pouquinho e foi o que bastou pra ele fazer a maior de todas as artes até então. Ele pegou uma faquinha de cozinha, mas que tinha corte afiado e lá fora os porcos dormiam, gordos demais para caminhar naquele sol que queimava, e lá ele foi e passou a faca nas costas do porco. Quando vimos a gordura do porco escorria sobre a pele, devido ao sol estar muito quente. Meu pai ficou uma fera, porque teve que matar e vender o bendito porco antes da hora, porque se deixasse daquele jeito perderia o bendito porco, ou seja, teve que deixar seus afazeres daquele dia, pra matar o porco e ir vender na cidade. Meu irmão correu e se escondeu, meu pai queria de toda maneira dar-lhe uma surra, mas eu, mais uma vez consegui fazer com que ele não apanhasse. Depois dele nasceram minhas outras duas irmãs, e assim ele ficou sendo o bendito o fruto entre as mulheres, e ele sempre foi mesmo sempre bendito.
Sempre fomos muito unidos, todos nós, e meu carinho por ele, cada dia crescia mais, e assim, quando eu já era mocinha, mudamos pra cidade e eu continuei cuidando dele, ajudando nas tarefas da escola, bem como as minhas duas irmãs menores.
Eu estudava e trabalhava, mas nunca descuidava dele e tudo que acontecia fosse na escola ou na rua, era comigo que ele conversava e se aconselhava.
Quando ele fez dezessete anos consegui o seu primeiro emprego num banco da cidade, pois eu trabalhava no mesmo banco numa cidade vizinha, assim tornou-se mais fácil ajudar-lo mais uma vez... e daí em diante ele seguiu seu rumo, se casou, tornou-se pai de um lindo menino,e continuou sempre trabalhando muito e crescendo na vida, e até hoje é comigo que ele sempre conta, nos momentos de conversar seja de que assunto for.
Meu irmão é uma pessoa doce, querida e muito carismática, tira a própria roupa do corpo se preciso for para ajudar quem precisa.
Hoje choro por ele, e sinto-me impotente por não poder fazer nada por ele, apenas rezar e pedir a Deus que tome conta dele pra mim.
Minha cabeça dói, meus olhos não tem mais onde inchar de tanto que já chorei. Uma tristeza imensa invade meu peito, e só mesmo Deus pra saber quando é que ela vai se afastar de mim. Eu vivo separada de todos eles por quilômetros a fio, nos falamos sempre por telefone, e pelo menos uma vez ou duas vezes ao ano, eu os visito, ou eles me visitam, e coube a eu dar a triste notícia a minha mãe nas duas vezes do ocorrido. A primeira vez em março deste ano, eu estava na casa da minha mãe, quando veio a triste notícia. Reuni minhas irmãs pra dar a notícia a minha mãe e fui eu a portadora de tamanha tristeza. Poupamos meu pai, que está sofrendo de mal de Alzheimer, mas, um tempo depois coube também a mim, dizer a ele sobre o sofrimento do meu irmão. E mais uma vez foi muito triste, porque eu já me encontrava na minha casa, longe dele, e foi pela frieza de um telefonema que o fiz, mas não havia outro jeito.
Minha mãe é uma mulher forte, porém muito sofrida. Sempre trabalhou muito de sol a sol na labuta da terra, sempre ao lado do meu pai para ajudar a nos criar. Sempre tive um relacionamento maravilhoso com minha querida mãe. Ela é uma santa. Sempre nos protegeu das surras do meu pai, que por preocupação e ignorância, na simplicidade em que vivia, nos trazia de cabo curto, como ele dizia. Fomos criados naquele sistema que ele apenas nos olhava e com isso a gente já sabia o que ele queria dizer. Não o culpo. Nada conheceu da vida, a não ser trabalho e mais trabalho e assim minha mãe sempre lutou ao lado dele, sempre na esperança de ter um filho homem que o ajudasse no trabalho, uma vez que conforme ele mesmo dizia, toda vez que minha mãe engravidava só vinha mulher, e meu irmão veio e sempre foi muito carinhoso e cuidadoso conosco.
Não me lembro de ter tido nem uma pequena discussão com minha mãe. Sempre fui sua confidente e por isso mesmo, minhas irmãs pediram que fosse eu a lhe dizer tal infortúnio. E foi com muito jeito e cuidado que o fiz, e agora passados quatros meses na espera de uma notícia boa, ela veio ainda pior que a primeira, e eu não estando presente, tive que fazê-lo por telefone, o que tornou ainda mais dolorido, porque não tinha como eu abraçá-la e confortá-la como da primeira vez. Juntei todas as forças do fundo da minha alma para passar segurança na minha voz. Por dentro estava e ainda estou um caco, mas não posso de maneira nenhuma passar isso a ela, então procurei tranqüilizá-la dizendo a ela que tudo vai dar certo, que ela mantenha sua fé inabalável em Deus e em Nossa Senhora. Senti a voz dela embargada pelo sofrimento, mas senti que ambas nos protegiam-nos, eu dizendo que tudo ia ficar bem e ela fingindo que acreditava em mim.
Hoje todos sofremos, e nada depende de nós, a não ser orar por ele e por nós para que possamos suportar esta turbulência em nossa vida, porque só mesmo Deus em sua infinita bondade, pode tocar o meu irmão e aliviar o sofrimento dele e também o nosso!