ROSINHA PANFLETEIRA ( PARTE 2 )

O desconhecido é um eterno mistério. Quando pensamos saber o que se passa nas mentes que nos cercam, logo o mundo se mostra gigante, e que todos e todas são diferentes, pois nem mesmo a mais perfeita cópia descobrirá o intimo de quem falsamente tenta copiar. Rosinha estava temerosa, com receio de não conseguir os remédios para a mãe, custavam caro. Ao receber a lista com os medicamentos na farmácia do hospital, assustou-se com o valor desumano que teria que conseguir, o mais em conta custava sessenta e nove reais. De onde lhe viria o socorro ? Não olhou para o alto, e novamente lhe invadiu o medo.

O dinheiro estava no sinal, todas as tardes, mas se via em dois caminhos: passear entre os carros e entregar papéis, ou passear em um carro e entregar o que alguém irá pedir, ainda não sabia. Iria ser julgada por muitos, disso tinha certeza, e esse talvez fosse seu maior medo. Mas indignou-se por um momento quando pensou: “ Quem são os que irão me julgar ? Não seriam aqueles que me batem a porta na cara quando lhes peço serviço ? Não seriam aqueles que me chamariam de mendiga preguiçosa se talvez fosse lhes pedir comida? Ou talvez aqueles que roubam de mim e da minha classe social, tirando-nos o direito á educação, saúde, moradia digna e respeito ?” Possivelmente seria julgava por gente dessa laia, o medo foi passando, hipócritas !

Voltou para casa sozinha, ainda pensativa, mas decidida a ir ao sinal no dia seguinte. A noite passou calma e silenciosa, minha menina-flor estava mesmo precisando daquela paz na mente, no coração e no amanhã. Acordou cedo, tudo parecia como um dia comum. Sentou-se na mesa da cozinha com uma xícara de café nas mãos, apenas ficou olhando o sol, que tudo clareava lá fora. Sentada, incomodou-se com suas pernas fechadas, porquê não poderia abrir-las ? Afastou uma da outra e sorriu, sem saber o motivo, apenas sentiu-se melhor assim. O dia foi de todo um tédio, e ela esperava mesmo era o cair da tarde, o sinal marcado. Lavou-se com a água quente da torneira, que lhe percorria o corpo fazendo cócegas, como mãos atrevidas que sentiam-se á vontade sobre sua pele.

Escolheu a melhor roupa, ou ao menos tentou. Fechou a porta de casa, deixou a chave na vizinha, caminhou com coragem, com ela levava somente a vida. Estava convicta de sua dignidade, não iria fazer nada errado, apenas conheceria um homem, um moço bacana que queria lhe conhecer, só ! Ficou se questionando o porquê das pessoas se incomodarem tanto quando vêem outras pessoas felizes. Algumas até querem te ver bem, mas não melhor que elas, querem estar sempre por cima. Seria pecado ? Conhecer alguém, acho que não ! Mas e depois ? Quais eram as intenções do moço do carro ? Estava curiosa para descobrir, estava sem medo e decidida, fosse lá o que acontecesse, não estaria dando nada que não fosse seu, precisava do dinheiro, sua meta era sessenta e nove. Novamente lhe incomodaram as pernas fechadas, sentia-se cada vez mais segura em abri-las.

Chegou ao sinal, dessa vez sem panfletos. Os carros passavam e nada do moço aparecer. Mas e se aparecessem outros moços ? outros passeios ? Finalmente caiu a ficha. Estava lá pelo dinheiro, não pelo passeio. Mas o moço chegou, e o coração bateu um tanto mais forte, o vidro do carro baixou vagarosamente, revelando o motorista, já com um sorriso no rosto e olhando para o prato principal, o peixe havia mordido a isca. Convidou-a para entrar no carro, estava decidida mas ainda trêmula, foi. Saíram do sinal, e ela olhava fixamente pela janela do carro, enfim o moço começou a conhecê-la:

- Sempre quis saber seu nome flor, qual é mesmo hen ? – Tinha um sotaque estranho e engraçado.

- Rosangela, chame de Rosinha,se quiser. – Sentia que tinha que agradar aquele homem.

- Bonito nome, o meu é Lúcio. Pois bem, para onde vamos, flor ?

A pobre Rosinha apenas conhecia o lugar onde morava e o sinal dos panfletos, ficou desorientada com a pergunta, mas sabia que, independente da resposta, o final da história seria o mesmo, queria logo chegar ao final.

- Um lugar tranqüilo – respondeu Rosinha, com o sorriso tímido e branco.

O moço seguiu então por um caminho desconhecido, assim como ele. Chegaram em um campo de futebol de terra batida, afastado da cidade. Já era noite, e a tensão de Rosinha estava a consumindo. Com o carro parado, puseram-se a conversar, Expor suas intimidades. Até aquele momento, não haviam falado em dinheiro, até que o moço indagou bruscamente a garota:

- Porque decidiu voltar, flor ?

Tomada por uma coragem passageira, ela respondeu:

- Porquê eu quis ora ! E também, porque preciso do dinheiro- baixou os olhos.

- E porquê precisa ? ou melhor, pra que precisa ?

- Caso de saúde, minha mãe está doente, tenho de comprar remédios.

- Não precisa mentir pra mim, flor ! Diga lá pra que quer realmente, é pra roupa é ?

Rosinha sentiu-se mal com o pensamento do homem, não estava mentindo, não mesmo.

- Falo a verdade moço, não estou de brincadeira.

- Pois ora, se fizer o que quero, lhe dou cem reais, dá pra comprar hen ?

- Obrigado, mas quero só sessenta e nove, num quero mais que isso não ! – falou séria, achou que assim provaria que não estava mentindo. Mas perguntou:

- Mas o que o moço quer de mim ?

- Quero um beijo seu, flor ! Depois pensamos no resto.

Rosinha agora sentia-se mais á vontade, e dessa vez deixou aparecer um risinho no canto da boca. Foi então tomada por uma ousadia audaciosa e que muito surpreendeu o homem, pôs a mão na coxa direita do moço e vagarosamente foi elevando até suas partes intimas. O homem ficou sem reação no momento, apenas olhava, meio nervoso.

- Não vim de tão longe só para dá beijo não moço – deu outra risada, sentiu-se dona da situação.

Desabotoou devagar a braguilha do short do homem, e mergulhou a cabeça brusca e gulosamente. O homem apagou a luz do carro, fechou os olhos e apertou forte o volante, mordendo o lábio inferior, com a respiração pesada e ofegante.

(CONTINUA)

Alex Costa
Enviado por Alex Costa em 06/07/2012
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